Memórias! …Nada mais, sombrios monumentos?
Saudades? …Oh, não basta, homéricos vestígios!
Remorsos? …mas são vis e estéreis os lamentos!
Esperança! – eis o segredo, a vara dos prodígios!
Nós somos do passado a tímida memória,
Buscando os seus avós no palmeiral funéreo
Que apenas sobre-doira um ténue alvor de glória,
Como de fátua luz se esmalta um cemitério.
Mas se o formoso Sol que a minha mente sonha,
Não rompe a serração nem calma adversos ventos;
Roubando-nos à luz poupai-nos à vergonha!
Caíde sobre nós, heróicos monumentos.
Pangim, 7 de Maio de 1870
Tomaz Ribeiro
Tomaz António Ribeiro Ferreira (Parada de Gonta, Tondela, 1 de Julho de 1831 — Lisboa, 6 de Fevereiro de 1901), mais conhecido por Tomás Ribeiro, foi um político, publicista, poeta e escritor ultra-romântico português. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, exerceu advocacia durante pouco tempo, pois cedo enveredando pela carreira política. Membro destacado do Partido Regenerador, foi Presidente da Câmara Municipal de Tondela, Deputado, Par do Reino, Ministro da Marinha, Ministro das Obras Públicas e Governador Civil dos distritos de Braga e do Porto. Foi ainda secretário-geral do governo da Índia Portuguesa e embaixador de Portugal no Brasil. Eleito sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa foi presidente da sua Classe de Letras. Escritor e jornalista multifacetado, Tomás Ribeiro deixou uma obra vastíssima. Foi pai da poetisa Branca de Gonta Colaço e avô do escritor Tomás Ribeiro Colaço
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