Elos Clube de Tavira

Junho 15 2010

 

 

 

A língua de Camões no tempo actual é o meio de comunicação de cerca de mais de duzentos milhões de pessoa à volta do Globo. É consequentemente a oficial nas instituições de ensino nas terras que os portugueses povoaram, colonizaram após o começo do século XV e quando se dá início à era da expansão.

 

Expandiu-se, progressivamente pelas costas Ocidental de África, Índia, Costa do Coramendel, Ceilão, reino do Pegú, Ilhas Samatra, Molucas, China até ao Japão.

 

Portugal, país de reduzida dimensão geográfica, fundado em Guimarães por Dom Afonso Henriques em 1128, estendeu-se até ao Sul que, banhado pelo Oceano Atlântico, o privilegiou como a varanda da Europa.

 

A grei, composta de homens rudes e de alma generosa, nela surge um português ilustre: o Infante Dom Henrique.

 

Fundou a Escola Náutica de Sagres que o coloca, sem qualquer contestação, numa figura humana de enorme dimensão que transformou completamente o Mundo, no século XVI, graças à sua persistência. O sonho do Infante foi concretizado após a sua morte: as Caravelas de Cristo já navegavam em todos os oceanos da terra.

 

Mercadores, missionários, do Padroado Português do Oriente, conforme os mareantes lusos largam as âncoras das caravelas nas baías e enseadas nas costas das novas terras descobertas, a civilização lusa juntamente com a fé cristã foi introduzida.

 

Com isto a língua de Camões, que foi durante quatro séculos o meio de comunicação entre os países da Ásia, para o comércio, tratados entre países e relações bilaterais, missionários de crenças existente na Europa, a religião católica, em meados do século XVII, o protestantismo.

 

A língua portuguesa no final do século XVI é falada desde a Madeira, descoberta em 1418, até ao remoto Japão. Os portugueses durante quase um século estão senhores absolutos do comércio do oriente, foi no espaço de 100 anos que milhares de pessoas aprenderam a falar o Português e assimilaram frases da língua lusa às de suas raízes.

 

Em todos os portos da Ásia, onde os mercados e a comunidade luso-descendente se instala, a língua portuguesa ali está a servir de meio de ligação entre a França, Inglaterra e a Holanda, quando estas nações começam a descobrir o "filão" das riquezas do Oriente.

 

Era assim a importância do português em todo o continente asiático: S. Francisco Xavier, o apóstolo das Índias, ao serviço da coroa portuguesa, em 1545 pede a Lisboa que lhe mandem missionários a falar a língua portuguesa.

 

A Holanda e o Bantão (Indonésia), em 1596 assinam o primeiro Tratado de Paz e Comércio, cujo texto é redigido na língua portuguesa. Dois anos depois, Maurício de Nassau, regente dos Países Baixos foi portador de uma Credencial que o acreditava como Representante deste país.

 

Ainda neste mesmo ano (1598), os holandeses colocam uma inscrição pseudo-portuguesa na Ilha Maurícia. Um inglês, comerciante, em 1600 é chamado perante o Imperador do Japão e foi na língua portuguesa que se exprimiu.

 

Os barcos ao serviço dos holandeses, nas viagens para o Oriente, levam intérpretes para a língua portuguesa. Frei Gaspar de S. Bernardino, em 1606, encontra no coração da Pérsia pessoas que falam o Português.

 

Mergui (Birmânia), onde viveu uma colónia numerosa de portugueses e porto de grande movimento marítimo, a língua lusa era a corrente entre a população local e a transitária. É assim a língua portuguesa o único meio de comunicação entre os povos da Ásia e o mundo ocidental.

 

Ainda em 1911, os missionários holandeses tinham por obrigação ter conhecimento global do português nos territórios sob a tutela da Companhia das Índias Orientais.

 

Voltando ao início da introdução e depois de um século da língua portuguesa já estar firmada e enraizada por todos os países da Ásia, não pode ficar ignorado um estudo do Prof. David Lopes sobre a expansão da língua lusa na Ásia (1609).

 

As autoridades de Urtan (Ilha de Puloway, Samatra) mandaram a Keeling um mercador inglês que falava português com uma carta de um Almirante holandês em língua portuguesa.

 

Muitos habitantes da Ilha de Mhélia (nas Comores) falavam português. Tratado de Paz e Comércio entre dinamarqueses e o Príncipe de Tanjor em espanhol-português e alemão. (1638).

 

Os moradores de Comores, em frente de Ormuz, falavam português. (1639-1687). Em Batávia, as mulheres da sociedade e os escravos falavam português segundo N. De Graaf. (1646-1658). Os Reis do Ceilão correspondiam-se em português com os holandeses. (1647).

 

O Governador da Ilha Celebes falava bem português, segundo o Padre Alexandre Rhodes. (1661). A língua portuguesa é falada por quase todos os habitantes da Índia, segundo Schouten. (1675).

 

Pregação em língua portuguesa na cidade de Batávia. (1679-1681). Os Reis de Aracão correspondiam-se em português com o Governador-geral da Batávia. (1686). Os jesuítas franceses que iam para a China falaram em português – " que era a língua mais corrente no país" – com o Governador da Batávia, segundo o P. Tachard. (1689).

 

Em Sião, os padres franceses pregavam em português, segundo o P. Tachard. (1698-1704). A Companhia Inglesa das Índias obrigava os ministros da religião a aprender o português. (1708).

 

O português, língua corrente em Batávia, segundo Valentyn. (1708). Os pastores de língua malaia em Batávia apresentaram um pedido ao Governador-geral e ao Conselho das Índias pedindo que o culto em língua malaia se fizesse na igreja portuguesa. (1709). Grundler, missionário de Trangambar, afirma a grande utilidade da língua portuguesa para exercício do seu ministério. (1711).

 

A língua portuguesa é uma espécie de língua franca em todos os portos da Índia, segundo Lockyer.(1718). Ma história da Princesa Bilibamba, o heroi principe chinês, fala português, segundo Biervillas. (1723). Indígenas das Ilhas das Ilhas de Nicobar que compreendiam o português. (1724, ou um pouco antes). A língua portuguesa é de uso corrente entre os europeus da Índia, segundo Hamilton"…(1)

 

 

A Inglaterra e a Holanda procuram por todos os meios e preço tomarem o lugar aos portugueses na dominação do comércio do Oriente. Os britânicos preferem a Índia, enquanto os holandese se estendem mais ao Sul, navegando nas àguas do mar de Andanam, passam o estreito de Malaca, conquistam esta praça aos portugueses, fixam-se em Samatra,Batávia e em todas as Ilhas do arquipélago que nos dias de hoje são pertença da Indonésia.

  

A Dinamarca, com presença pouco significativa na Ásia, vão fazendo comércio e ocupam alguns portos da Costa do Coramandel, que não são mais que pontos de apoio logístico a sua navegação. A França deseja seguir as duas potências europeias e balançar,assim, o dominada o comércio asiático, sem querer envolver-se em lutas. A Ásia é enorme e ali há muito que comprar e vender.

 

Luis XIV, o Grande entronizado rei de França, na idade do "biberão", aos cinco anos. Um Rei menino e certamente influenciado pelos educadores da Corte, fazem dele um monarca déspota, amante de batalhas e pelas lutas em que França se envolveu, leva a nação a sofrer o revés da miséria.

 

Luis XIV deseja colonizar apenas o reino do Sião e com o propósito da França ser o pêndulo da balança que pesava as forças inglesas na Índia e as holandesas na Indonésia. São os missionários jesuitas das Missões Estrangeiras de Paris encarregadas de fazer a exploração da costa marítima do Sião, referenciar os pontos estratégicos em modos de espionagem para depois os transmitire ao Rei Grande.

 

Tal nunca viria acontecer dado que o Povo siamês deu conta da conspiração, deu-se um terrível massacre aos missionários franceses já residentes em Ayuthaya. Os que conseguiram escapar, meteram-se em barcos, navegaram pelo rio Mekong e refugiam-se em Phnom Penh, no Cambodja e mais tarde no Vietname e Laos que não tardou a colonizarem estes três países.

 

A língua portuguesa não pode ser ignorada pelas três maiores potências europeias da época . Sabem os seus governantes que dela s terá de servir a sua gente como meio de comunicação, entre os povos das novas terras ocupadas.

 

Os novos ocupantes da Índia, Ceilão, Pegú, Malaca e a Indonésia, não era com facilidade que poderiam assimilar as dezenas de dialetos falados no Oriente. O português já estava a ser falado em termos correctos nos portos de toda a Ásia e nos crioulos simplificados – indo-português e malaio-português- o usado nas trocas comerciais.

 

São os franceses os que mais se servem da língua lusa em toda a Ásia e, aconteceu no Reino de Ayuthaya, onde a língua se tinha desenvolvido enormemente entre a comunidade lusa-descendente, no Ban Portuguet (Aldeia dos Portugueses), com uma população a rondar as três mil pessoas.

 

Na outra margem do rio Chao Prya ou Mename, onde a comunidade portugueses vive,situa-se o Campo Japonês, cuja população é composta pelos cristãos perseguidos em Tenagashima e Negasaki pelo Imperador nipónico e os seus samurais.

 

Para os perseguidos é preferível fugir do Japão que renegar a fé que Francisco Xavier tinha introduzido no país do Sol Nascente há mais de um século e ficam assim juntos à comunidade portuguesa onde o calor espiritual da religião da católica os aconchegava.

 

Chega com os avós do Japão uma ilustre e corajosa, ainda na flor de sua juventude, a luso-descendente Maria Guiomar de Pina (a). Mulher virtuosa e possuidora de tão enorme generosidade que mais tarde vem a contrarir matrimónio com Constantino Falcão, de nacionalidade grega, que mercê da inteligência de que é dotado chega a ocupar o lugar de primeiro-ministro na Corte do Rei Narai, do Sião.

 

Os franceses utilizam Constantino Falcão como intermediário entre estes e o Rei Narai. Os missionários jesuítas das Missões Estrangeiras de Paris, servem-se dele para que o Rei Narai se possa converter ao catolicismo com a introdução de clérigos na Corte e, tem de ser a língua portuguesa no meio de entendimento entre o Sião e a França. O Museu de Versalhes conserva nas suas gavetas numerosa correspondência escrita em língua portuguesa, sobre Tratados e outras relações entre as duas monarquias.

 

A grandeza dos factos cai, igual como os impérios!

 

A língua portuguesa está a extinguir-se no Oriente.

 

Depois de Moçambique e contornando a Costa da Índia até ao Japão, apenas se fala o português (não em toda a população) em Goa, Timor e Macau.

 

A esperança que ainda nos resta, a língua de Camões, como oficial, em Timor a lembrar o passado histórico de mais de 500 anos.

 

Bangkok

 

 José Gomes Martins

 

(1) David Lopes, Antologia da Historiografia Portuguesa II – De Herculano ao Nossos Dias, página 138 – Publicações Europa-América

(a) Não existe a certeza histórica se Maria de Pina Guiomar nasceu no Japão ou em Ayuthaya. Porém tudo leva a crer que teria nascido no Campo Japonês e conhecido por Yammada.

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 08:12

Maio 14 2010

 

 

São infelizmente poucos os portugueses que conhecem que a raia leste de Portugal não é exactamente uma fronteira linguística, que a fronteira política deixou em Espanha territórios bem portugueses onde a nossa fala vive em estado de depauperação.

 

Estou-me referindo aos concelhos espanhóis de Olivença e Tálega (a Olivença portuguesa) ocupados por Espanha em 1801 e que a pesar de ser mandato do Tratado de Viena de 1815 o seu retorno à pátria, seguem ocupados e o português neles perseguido.

 

Os territórios de Valência de Alcântara, Ferreira de Alcântara e Cedilho que cantou Pessoa – e que bem se lembrou deles Afonso V ao assinar Portugal um tratado secreto com Filipe de Anjou, (neto de Luis XIV da França), intervindo Portugal a troca desses territórios, na longa guerra de sucessão em apoio do Bourbon, frente ao aspirante austríaco - porém, obtida a vitória polo Bourbon (Filipe V da Espanha) este negou-se a cumprir o tratado – não tornando esses territórios bem portugueses a Portugal - comportando-se assim dum jeito muito espanhol.

 

Estão logo os territórios do vale do Xalma- concelhos espanhóis de Valverde do Freixo, Sam Martim de Trevejo e Eljas. Mais ao norte estão os concelhos de Almedilha e Calabor. Todos esses territórios são contíguos de Portugal e afastados geograficamente das falas galegas do português, ainda que a pressão do castelhano e a sua imposição dá a estas falas uma farda muito galaica 

<http://www.pglingua.org/index.php?option=com_content&view=article&id=1906:o-galego-ou-a-caminhada-do-portugues-para-o castelhano&catid=8:cronicas&Itemid=69>.

 

Um grupo de professores galegos membros do colectivo glu glu, realizaram um interessante filme sobre esta realidade, que pode ser adquirido na Loja on-line imperdível <http://imperdivel.net/documentarios/60-entrelinguas.html> e que estou seguro vai ser todo um descobrimento para o público português em geral, e para entender de jeito muito mais claro que as falas galegas são parte da sua própria língua.

 

O documental é acompanhado com outro DVD com dados, inclui uma entrevista -de muito interesse - com um professor da universidade de Vigo – Henrique Costas - que seguindo as teses espanholas, defende que as falas galegas não são português e por tanto algumas das falas portuguesas da raia leste e pela mesma razão - são galegas - é dizer espanholas (e não portuguesas).

 

A obra é uma pequena jóia que vai servir para os portugueses recuperarmos algum aspecto da complexidade da nossa formação nacional, pois a fronteira do tratado de Alcanhizes não é exactamente uma fronteira linguística.

 

Só mais uma cousa: se o português destes territórios vive uma dura situação, onde pior está é no mais recente território roubado de Portugal – Olivença – onde se empregaram a fundo os espanhóis com -jugo e vara - para apagar a nossa língua.

 

 Alexandre BanhosAlexandre Banhos Campo

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 15:08

Abril 26 2010

 

Introdução à conferência “A Língua Portuguesa como

factor de integração e formação da Nação Lusíada ”,

proferida na XXII Convenção Internacional de ELOS, 1999.

 

 

 

É sumamente prazeroso discorrer sobre uma língua falada por cerca de duzentos milhões de pessoas em todo o mundo. Língua nascida no velho Lácio e cultivada, trabalhada, burilada e defendida ― ao longo dos séculos ― por luminares da cultura lusíada como Camões, Alexandre Herculano, Eça de Queiroz, Guerra Junqueiro, Padre Antônio Vieira, Machado de Assis, Olavo Bilac, Castro Alves, Fernando Pessoa e o Nobel José Saramago, entre tantíssimos outros.

 

Assim, atendendo ao honroso convite do (então) Presidente de Elos Internacional Máximo Donoso, preparei um singelo texto sobre NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA, como falada nos dias actuais. Mas, como no global world, assim como neste nosso happening, “time is money”, redigi apenas um short speech.

 

A propósito, pouco antes deste morning meeting ― logo após o breakfast ― fui abordado por um repórter, logo ali entre o hall e o living. Veio pedir meu script para inseri-lo em seu house organ. Na realidade, trata-se de interessante newsletter, cujo mailing list é tremendamente “in”, incluindo shopping centers, head offices, commercial boards e business points.

Respondi-lhe que tudo estava no press release, distribuído por e-mail, e disponível no site da internet. Como ele comanda um talk show, insistiu em obter uma interview ou, ao menos, uns flashes.

Disse-lhe “OK”, eu o atenderia junto ao staff da mass media, no coffee-break ou durante a happy hour. Chamei então o boy e pedi-lhe que avisasse o public relations e o barman de que usaríamos a sala Vip, ao lado do night club, perto do play ground. O ambiente deveria ser light, com appetizers, sandwiches, soft drinks e scotch ― tudo self service ― aproveitando tanto o layout como o merchandising do show room, com música de DJ , jazz band e um big crooner.

Quanto ao meu paper, como não tem copyright, pode ser reproduzido ― sem royalties ― por fax, por xerox ou pela media...

 

At last but not at least”, admito que este starting point, este beginning, pode soar algo forçado e snob, merecendo até figurar no Guiness Book por seu por seu record de English words. Retrata, porém, com soft jockes, no american style, nossa permissividade diante da contínua e avassaladora invasão de termos alheios às nossas raízes, estranhos à nossa tradição e avessos à nossa cultura latino-lusíada. Não se trata de xenofobia cega: não como negar a existência de vocábulos estrangeiros ― principalmente em áreas técnicas ― absolutamente indispensáveis e intraduzíveis.

 

Ao uso destes, somente, deveríamos nos restringir.

 

Não seria o caso de se adoptar o mesmo princípio do intercâmbio comercial, em que leis específicas protegem o produto nacional contra a importação de similar estrangeiro?

 

Haveria, assim, a convivência harmónica e salutar entre os termos alienígenas e os vernaculares.

Que diremos, pois, em conclusão:

 

― Adeus aos estrangeirismos supérfluos?

 

ou

 

Bye bye à Língua Portuguesa castiça?

 

 João Baptista de Oliveira

Consultor Empresarial e Educacional, Advogado, Jornalista e Escritor

Governador 1997-99 do D2 de Elos Internacional

www.jboliveira.com.br

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 07:08

Abril 19 2010

É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem.

 

Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.

 

O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como pode ver na lista a seguir:

 

- elo de ligação

- acabamento final

- certeza absoluta

- quantia exacta

- nos dias 8, 9 e 10, inclusive

- juntamente com

- expressamente proibido

- em duas metades iguais

- sintomas indicativos

- há anos atrás

- vereador da cidade

- outra alternativa

- detalhes minuciosos

- a razão é porque

- anexo junto à carta

- de sua livre escolha

- superávite positivo

- todos foram unânimes

- conviver junto

- facto real

- encarar de frente

- multidão de pessoas

- amanhecer o dia

- criação nova

- retornar de novo

- empréstimo temporário

- surpresa inesperada

- escolha opcional

- planear antecipadamente

- abertura inaugural

- continua a permanecer

- a última versão definitiva

- possivelmente poderá ocorrer

- comparecer em pessoa

- gritar bem alto

- propriedade característica

- demasiadamente excessivo

- a seu critério pessoal

- exceder em muito

 

Note que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, 'surpresa inesperada'.

 

Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia.

 

Estamos sempre a tempo de melhorar o modo como falamos.

 

(recebido por e-mail, Autor desconhecido)

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:45

Abril 16 2010

 

 

Comunicar não é arte fácil, exige consciência, conhecimento e capacidade de transmitir de alguma maneira, seja em palavras ou em imagens, uma ideia, um sentimento. Foi isso que percebi nos Colóquios da Lusofonia que ocorreram nos últimos dias (5 a 9 de Abril) em Florianópolis, Santa Catarina. Ver o esforço de alguns letrados em promover a literatura açoriana, apesar das dificuldades e do pouco interesse político a nível universitário, é de despertar nosso respeito.

 

Terra onde a educação foi sempre encarada como artigo de luxo, pois arranjar alimento era primordial para a sobrevivência, é de admirar a contribuição histórica e literária açoriana, à cultura e sociedade portuguesa. Talvez por ser um lugar onde o isolamento, a introspecção e o individualismo sejam características da personalidade insular a produção literária seja tão abundante, apesar de pouco divulgada. Seja por acomodação, ou por falta de ambição (para quê fama e dinheiro se já estão no paraíso terrestre!), a realidade é que quem se empenha em promover a cultura açoriana e os autores insulares são em geral os estrangeiros, agora mais recentemente nas vozes dos professores e escritores Lélia Pereira Nunes e Chrys Chrystello (e cols.). Através deles os Açores têm conseguido mais visibilidade nas comunidades de língua portuguesa e estrangeira, com as versões de obras literárias açorianas. Escritores como Daniel de Sá, Vasco Pereira da Costa, Cristóvão de Aguiar, José Manuel Bettencourt, Francisco Nunes P. Gomes, Olímpia Soares de Faria, Avelino de Freitas Meneses, Ermelindo Ávila, e tantos outros, merecem pela qualidade de suas obras todo esse empenho.

 

Embora emigrante, que vive no estrangeiro outra realidade sócio-cultural, como açoriana de nascimento e de muitas gerações antecedentes, sinto orgulho pelos destaques culturais da minha terra natal e agradeço intimamente àqueles que acreditam na arte da minha gente.

 

Uberaba, 14/4/2010

 

 Maria Eduarda Fagundes

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:31

Março 11 2010

     

 
Estou a chegar de Portugal.
 
Como podem perceber, assimilei um pouco do “modo lusitano de falar”. Nós diríamos em Português “brasileiro”: “Estou chegando de Portugal”. Ou, se fosse com alguma antecedência e dentro do FEBEAPÁ (lembram-se do saudoso Estanislau Ponte Preta? Ele foi o criador do FEBEAPÁ: Festival da Besteira que assola o País!) “Vou estar chegando de Portugal”.
 
Com isso, “toco na ferida” atual mais dolorosa de nossa sofrida língua: o gerundismo!
 
― “Peraí”, “meu”, por que dolorosa? Não podia ser dolorida?
 
― Sim, poderia ser. Mas há uma diferença sutil entre cada uma dessas formas! Dolorida, é a flexão feminina do adjetivo dolorido, particípio de dolorir, cujo sentido é “Que tem dor; dorido”. Por sua vez, dolorosa é a forma feminina do também adjetivo doloroso, vocábulo oriundo do latim dolorosu e que significa “Que produz dor; dolorífico”. Portanto, o tal gerundismo está muito mais para doloroso do que para dolorido!
 
― Aham! E o que é mesmo gerundismo?
 
― É esse modismo horroroso que representa bem o nosso “processo simples de complicar as coisas” e a nossa incurável mania de repetir o que vemos ou ouvimos sem uma indagação mais cuidadosa. De tempos para cá, as expressões singelas ao estilo de eu vou chegar; ele vai falar; vocês participarão transformaram-se em esdrúxulos eu VOU ESTAR CHEGANDO; ele VAI ESTAR FALANDO; vocês VÃO ESTAR PARTICIPANDO e por aí afora!
 
― E por que aconteceu isso?
 
― Ao que tudo indica, foi devido a traduções malfeitas de scripts de telemarketing de língua inglesa. Ocorre que naquele idioma existe o chamado present continuous tense, que não temos em português. Lá eles dizem: I will be arriving, que traduziríamos apenas por eu vou chegar e não ― ao pé da letra, como o fizeram os “tradutores” ― eu VOU ESTAR CHEGANDO...
 
― Então essa construção gramatical é sempre errada, certo?
 
― Não! Quando a usarmos para nos referir a uma ação que se prolonga por determinado tempo, o emprego será correto! Se eu quiser dizer que passarei o mês de julho em viagem, a forma eu vou estar viajando em julho estará absolutamente certa!
 
― E o que Portugal tem a ver com isso?
 
― Bem, em primeiro lugar, há que se destacar que aquele país cuida melhor da pureza da língua, sendo mais refratário a esses casos de “colonialismo cultural”. Em segundo lugar, são os lusos muito parcimoniosos no uso do gerúndio. Preferem o infinitivo. Assim, em vez de usar as formas gerundiais falando, rindo, andando, estudando, viajando eles preferem as infinitivas a falar, a rir, a andar, a estudar e a viajar!
 
― Ora, nós aqui, por via de dúvidas, misturamos os dois: infinitivo do verbo estar mais gerúndio do verbo principal e pronto, fica assim: eu vou estar falando; você vai estar rindo; ele vai estar andando; nós vamos estar viajando...!!!
 
 
Voltando a Portugal, tive ocasião de proferir breve palestra na Universidade de Coimbra, no dia 22 de abril ― data do “achamento” do Brasil ― em solenidade presidida pelo Magnífico Reitor Professor Doutor Fernando Jorge Rama Seabra, ao lado do Embaixador do Brasil em Portugal, Doutor Antonio Paes de Andrade e do Presidente da Sociedade Brasileira de Heráldica e Medalhística Dom Galdino Cuchiaro. Ao comentar as diferenças existentes entre a Língua Portuguesa falada aqui e lá, lembrava a expressão atribuída a Eça de Queirós “O brasileiro é o português com açúcar”.
 
Depois, ilustrando mais, fiz remissão à primeira vinda do humorista Raul Solnado ao Brasil. Na ocasião, quem fez sua apresentação pela televisão foi o nosso Zé Vasconcelos, que disse algo assim:
 
― Tenho o prazer de apresentar a vocês um humorista muito bom, inteligente, versátil e que, além de todo seu humor, tem a graça especial do sotaque português!
 
      Falando a seguir, replicou Raul Solnado:
 
É gozado! A língua é nossa: Língua PORTUGUESA. Vocês a usam e nós é que temos o sotaque!
Raul Solnado
Raul Solnado
Nome completo Raul Augusto Almeida Solnado
Nascimento 19 de Outubro de 1929
Lisboa,  Portugal
Morte 8 de Agosto de 2009 (79 anos)
Lisboa,  Portugal
Nacionalidade Flag of Portugal.svg Portuguesa
Ocupação Humorista, apresentador televisivo e actor
 
 
De fato, uma língua comum a mais de um povo traz aspectos bastante
curiosos. Na bela viagem que fizemos pela região do Douro ― subindo
de barco e retornando por via férrea ― vimos escrito junto a uma
estação: RETRETES.
 
― O que é isso? Perguntou uma participante de nossa comitiva.
 
― Ora! Instalações sanitárias. “Quartos de banho”, respondeu nosso acompanhante português!
 
Por fim, cabe comentar o título de nossa coluna de hoje.
 
Nos cursos de Comunicação Oral e Relacionamento Socioprofissional e de Oratória Moderna, costumo pedir aos participantes que me deem a interpretação da frase: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.
 
― A frase expressa o grande valor que os portugueses atribuíam à navegação. Para eles, ela era mais importante que a própria vida!
 
― Sendo Portugal um país de pequenas dimensões territoriais, sua expansão só poderia dar-se por meio da navegação, pela conquista de novas terras.
 
― Heróicos e aventureiros, os criadores da Escola de Sagres ― a mais avançada em navegação marítima de sua época ― entendiam que sua sina, sua vida era o mar.
 
― Camões refere-se a Portugal dizendo: “um país que a Espanha aperta e o mar alarga”. Logo, era preciso navegar para conquistar novos espaços, alargando seu território.
 
De modo geral, as interpretações seguem essa linha. Bonita e poética, sem dúvida, mas que não corresponde ao sentido exato da expressão. De fato, a marca distintiva dos bravos portugueses foi a navegação. Por intermédio dela, eles marcaram sua presença na América, na África, na Ásia e na Índia, “dando novos mundos ao mundo”, como canta seu poeta Fernando Pessoa.
 
Entretanto, o sentido prende-se à acepção primeira de PRECISAR, verbo composto por PRECISO mais sufixo AR: “Indicar com exatidão, particularizar, distinguir, especializar”.
Ora, navegar é preciso ― isto é tem exatidão ― porque se baseia em instrumentos de precisão, como bússola, sextante, cartas de marear etc. No mínimo, tem a indicação das estrelas e das constelações, o primeiro e mais singelo método de orientação dos nautas...
 
E viver? Que precisão tem? Quem pode garantir que vai viver até o fim de uma viagem? Ou mesmo até amanhã? Ou nas próximas horas? “O futuro a Deus pertence”, diz a sabedoria das ruas, expressando essa incerteza que nos atinge a todos...
 
Com as modernas parafernálias eletrônicas ― como radiogoniômetro, satélites, GPS e que tais ― navegar é cada vez mais preciso. E dentro do estresse constante em que vivemos e com a violência que açoita o mundo, viver é a cada dia menos preciso!
 
 J. B. Oliveira
     Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista; Autor do livro “Falar  Bem é
     Bem fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras.
              jboliveira@jbo.com.brwww.jboliveira.com.br
 

 

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:33

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