João Braz
Eu Poeta me Confesso...
Porque vim no Algarve à luz do dia,
Menino me criei perto do mar
E, com ele, aprendi a rebeldia
Das ondas altaneiras a lutar...
Não sei se nas artérias eu teria
Sangue de avós heróicos a pulsar,
Ou se era de Poetas que trazia
Uma herança de sonho em meu olhar...
O certo é que intentei, louco e audaz,
A conquista da vida (era rapaz,
Tinha por mim a esp’rança...), e na memória
Vejo-me ainda, coração ao alto
Como um pendão real, ir ao assalto
Com a plena certeza da vitória!
__________________
João Braz Machado (N. - S. Braz de Alportel, 13.03.1012; F. – Portimão, 22.06.1993), jornalista, poeta e dramaturgo, desde muito cedo mostrou inclinação para as letras, com um primeiro prémio aos 13 anos num concurso de poesia. Apesar disso e depois do curso de contabilista obtido na Escola Comercial de Silves, a sua vida profissional ficou ligado aos números. Radicou-se em Portimão, onde, paralelamente, desenvolveu profícua actividade cultural.
Quanto ao jornalismo, foi Director de “A Rajada”, de Silves, colaborou em diversos órgãos da imprensa do Algarve e fundou a revista cultural “Vibração”.
Para teatro escreveu Casar por Anúncio, Sendo Assim Está Certo, Fitas Faladas, Isto Só Visto, Feira de Agosto, Autos de El-Rei Xéxé, Serração da Velha e Máscaras, obras representadas em Portimão, mas que nunca foram editadas. A peça “Casar por anúncio” recebeu, a nível nacional, o Prémio Diário de Lisboa.
Na poesia, cujos principais títulos foram "Aguarelas Algarvias" e "Esta Riqueza Que o Senhor Me Deu", foi concorrente habitual a nível nacional e internacional, distinguido com o título de “Príncipe dos Poetas Portugueses” nos Jogos Florais Nacionais (1951) e eleito membro da Associação Internacional de Poetas de Cambridge (1977). Em 1992 foi homenageado pela Câmara Municipal de Portimão, e o seu nome figura na toponímia local, onde, desde 2005, existe uma estátua sua, em bronze, na zona ribeirinha da cidade.
Luís Horta
Presidente da Mesa da Assembleia Geral do
Elos Clube de Tavira