Elos Clube de Tavira

Outubro 16 2010

 (*)

 

 

Sentado no banco cinzento

Entre as alamedas sombreadas do parque.

Ali sentado só, àquela hora da tardinha,

Ele e o tempo. O passado certamente,

Que o futuro causa arrepios de inquietação.

Pois se tem o ar de ser já tão curto,

O futuro. Sós, ele e o passado,

Os dois ali sentados no banco de cimento.

 

Há pássaros chilreando no arvoredo,

Certamente. E, nas sombras mais densas

E frescas, namorados que se beijam

E se acariciam febrilmente. E crianças

Rolando na relva e rindo tontamente.

 

Em redor há todo o mundo e a vida.

Ali está ele, ele e o passado,

Sentados os dois no banco de frio cimento.

Ele a sombra e a névoa do olhar.

Ele, a bronquite e o latejar cansado

Das artérias. Em volta os beijos húmidos,

As frescas gargalhadas, tintas de Outono

Próximo na folhagem e o tempo.

 

O tempo que cada qual, a seu modo,

Vai aproveitando.

 

 Rui Knopfli

(1932-1997)

 

Nasceu em Inhambane, Moçambique. Poeta.  Jornalista. A sua estreia deu-se com o livro O País dos Outros (1959). Lançou, com João Pedro Grabato Dias, os cadernos de poesia Caliban (1971-72),  trabalhou como adido de imprensa, na delegação portuguesa à Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque (1974) onde participou dos trabalhos da Comissão de Descolonização. Publicou Memória Consentida (1982) e em 1984 recebeu o prêmio de poesia do PEN Clube.

 

in http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/mocambique/rui_kinopfli.html

 

 

(*) http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://bp1.blogger.com/_U5HBV416zFg/SGuO0gba6EI/AAAAAAAABKY/TFIFFp1EySo/s400/Blog_FICAR%2BVELHO%2B%C3%89%2BBOM%2BPARA%2BA%2BM%C3%83E%2BDOS%2BOUTROS.jpg&imgrefurl=http://zecarlosmanzano.blogspot.com/2008_07_01_archive.html&usg=__2w2SrGvcsUZCSHPQgnIIUwEOO4k=&h=345&w=373&sz=37&hl=pt-pt&start=45&sig2=oJ2Ljq2ruJIheqO8UC-m2g&zoom=1&tbnid=mBhG5URUgWEayM:&tbnh=130&tbnw=138&ei=gau5TLPvF42OjAf975TRDg&prev=/images%3Fq%3DVelho%252Bsentado%252Bno%252Bparque%26um%3D1%26hl%3Dpt-pt%26sa%3DG%26biw%3D1003%26bih%3D551%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=rc&oei=YKu5TIjbJMKJ4QbVrOHoDQ&esq=4&page=4&ndsp=16&ved=1t:429,r:3,s:45&tx=72&ty=67

 

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 14:26
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Uma sensibilidade agudizada pela experiência vivida, uma inteligência atenta ao mundo de sofrimento e traduzida numa expressão concisa. Um grande poeta português.
Berta Brás
Henrique Salles da Fonseca a 16 de Outubro de 2010 às 20:18

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