Manuel Virgínio Pires
Tavira Portas de reixa, cheiro a maresia,
Com chaminés mouriscas rendilhadas,
Embala-se num sonho de poesia,
Onde há lendas de mouras encantadas.
Assomam as piteiras nos valados
E o castelo vigia lés a lés,
A serra silenciosa ouve-lhe os brados
E o manso Gilão beija-lhe os pés.
Alvas torres de igrejas altaneiras
Muralhas entre flores de amendoeiras,
Aromas de alecrim e rosmaninho:
Terra cristã, outrora muçulmana,
Vestígios de D. Paio, ponte romana,
A namorar o rio no seu caminho.
Manuel Virgínio Pires
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Manuel Virgínio Pires, (Tavira, N.04.06.1909, F.13.10.1974), fez o curso complementar do Liceu e profissionalmente foi Adjunto de Tesoureiro da Fazenda Pública e mais tarde chefe da Delegação de Tavira dos Serviços de Turismo.
Em paralelo e desde muito jovem, dedicou-se às letras. Desde 1934, redactor do Semanário local “Povo Algarvio”, de que foi depois proprietário e Director até à data do seu falecimento. Escreveu diversas peças de teatro e revistas, entre os anos 30 e 50 do Sec. XX, tempo em que a actividade teatral da sua terra, Tavira, era bem florescente. Cultivou a poesia não só no âmbito das revistas que escreveu mas em produções que publicava com regularidade no seu jornal. Era irmão de um outro poeta já aqui referenciado, Isidoro Pires. Livros: “Pontas de fogo (gazetilhas) e “Algarve dos meus encantos” (publicado a título póstumo).
Foi-lhe dedicada uma rua na zona nova da cidade.
Luís Maria de Mello e Horta
Presidente da Mesa da Assembleia Geral do
Elos Clube de Tavira