Fonseca Domingos
EUREKA
Bem cedinho, no campo, fujo à cama,
Um assobio acorda a madrugada,
Persigo uma certeza, que proclama
Um rio de primavera, na alvorada
Um mar de luz e fogo se derrama,
Ao longe, sobre a serra incendiada,
Enquanto espreito o Sol, como quem ama,
De entre o tomilho e a urze perfumada:
De bruços sobre a minha terra amada,
A alma embevecida, deslumbrada,
Lembro risos difusos, na distância;
Na fusão do Presente e do Passado,
Sinto dentro de mim o olvidado
Paraíso perdido da infância!
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José Maria da Fonseca Domingos, (1936-2002). Natural de São João da Venda, Almancil, concelho de Loulé emigrou aos 18 anos para a Venezuela onde conheceu a obra de Ruben Dario e Alfonsina Storni. Para além disso, era admirador de Pablo Neruda e Bocage.
Regressado a Portugal, ingressou no Ministério da Segurança Social, trabalhando na área administrativa, mas nunca deixando de escrever.
Em 1987 começou a concorre regularmente a certames literários, tendo sido distinguido em Portugal e no Brasil, contando mais de duas centenas de prémios. Tem trabalhos seus em diversas colectâneas, nomeadamente nas áreas da poesia e do conto. Publicou seis livros de sonetos e outros poemas, incluindo humorísticos. Tem dois livros inéditos, um deles de contos e vários poemas na Internet. Foi membro da AJEA, ASORGAL e da AIRA (associações de jornalistas e escritores).
Faleceu em 09 de Dezembro de 2002, vítima de doença incurável.
Luís de Melo e Horta
Presidente da Mesa da Assembleia Geral do
Elos Clube de Tavira