A distinção sistemática entre as humanidades e as ciências naturais – sugerindo que as primeiras são exercícios alargados e trans-históricos da sabedoria a que habitualmente chamamos de senso comum – criou um fosso que importa conhecer. De facto, durante o século XX as «ciências humanas» entraram em crise porque as ciências naturais invadiram ostensivamente o seu território daí levando a que as pessoas atirassem fora os conceitos humanistas ao abrigo dos quais o senso comum é compreendido e organizado.
O humanismo foi, pois, despejado para a latrina como qualquer resíduo inútil típico duma cosmovisão desaparecida.
Como o senso comum cai por terra quando não apoiado pela reflexão, o resultado é a perda de significado; um vazio moral, para dentro do qual fomos levados logo que nos rendemos aos falsos deuses que são o dinheiro, o consumismo e a hiper-liberdade, ou seja, a libertinagem.
Lisboa, Fevereiro de 2011
Henrique Salles da Fonseca
BIBLIOGRAFIA:
Roger Scruton – BREVE HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA – Guerra e Paz Editores, SA, 1ª edição (Junho de 2010)