Elos Clube de Tavira

Junho 20 2010

 

 

Na madrugada de 18 Junho de 1648, João Pascácio Cosmander intentou tomar de assalto Olivença com uma força de 1.000 infantes e cavaleiros. A acção é referida em muitos documentos dispersos, mas a descrição mais colorida deve-se ao então soldado de cavalaria Mateus Rodrigues (Matheus Roiz):

 

(…) Quando vinha já amanhecendo (…) já ele [Cosmander] estava à roda da vila, e para melhor dizer dentro dela, e a ordem e modo como entrou foi assim como os castelhanos iam passando por umas hortas que chamam da Rala, onde havia muitos hortelões, e assim como viram os castelhanos lhe não pareceram homens, senão porcos, e como as hortas estavam mui cheias de hortaliça naquele tempo, tomaram paus nas mãos para ir a botar os castelhanos fora dizendo «Valha o diabo! Quem trouxe aqui tanto porco, donde veio isto?». E os castelhanos mui calados, marchando para a vila, e averbando com a muralha se meteram dentro por escadas, e mais estando a muralha com suas sentinelas nossas, mas quando a nossa gente se começou a alvoroçar e a gritar «Armas! Armas!», já o inimigo estava [com] muita (…) da sua infantaria dentro da vila. E no Rossio de Santo António [já] estava um batalhão de 1.000 infantes formados (…), [que] por um buraco que na muralha estava (…) [tinha entrado] uma manga de castelhanos, todos aventureiros e gente escolhida. De modo que ainda estava toda a gente da vila na cama, e muitos (…) tinham por parvoíce o dizerem que estava o inimigo dentro da vila. Logo começaram a ir-se levantando todos muito depressa, uns mal calçados e mal vestidos, e a gente de cavalo acudindo, uns em sela, outros em osso, que havia uma notável confusão da vila em ver já o inimigo dentro sem lhe poderem valer (…). E a tudo isto o Cosmander andava lá fora da vila dando ordem para meter a sua cavalaria dentro (…), e foi buscar um petardo para ele mesmo lhe pôr fogo às portas, para que entrasse a sua cavalaria, e assim como o trouxe para junto da porta, já neste tempo a nossa trincheira tinha muita gente defendendo (…). De modo que tanto que Cosmander veio com o petardo para as portas, sem se lhe dar das balas que neste tempo choviam da muralha, e ele só, trazendo o petardo às portas sem se lhe dar de nada, e a sua cavalaria toda já à vista esperando que ele botasse as portas dentro para virem entrar, mas tanto que ele se veio arrimando às portas, começaram da muralha bradando todos «Eis ali Cosmander! Eis ali Cosmander!». Mas apenas (…) o nomearam, já ele estava estirado no chão com uma bala, que estava na trincheira um carpinteiro com uma espingarda nas mãos, (…) [que] assim como o viu, já o tinha aviado, ao qual carpinteiro fez El-Rei mercê. Assim como o inimigo viu este homem morto, parece que se acabou o seu encantamento, que não houve mais castelhano que pegasse em arma senão tratar cada um de fugir mais. Os que estavam fora logo se retiraram a bom passo e os que estavam dentro levaram tal esfrega que não sabiam por onde se meterem. (…) O batalhão que estava já no terreiro de Santo António (…) [foi atacado e ficou] em breves horas em miserável estado, que como não tinham já outro remédio se metiam pelas casas e se escondiam por debaixo das camas (…). É certo que não escaparam nem 50 homens dele.

 

Assim se finou João Pascácio Cosmander, com uma bala ajustada por um carpinteiro...

 

António Marques

(anterior Presidente do GAO - Grupo dos Amigos de Olivença)

 

BIBLIOGRAFIA: COELHO, P. M. Laranjo, Cartas dos Governadores da Província do Alentejo a El-Rei D. João IV, vol. I, Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1940. Manuscrito de Matheus Roiz, transcrição do códice 3062 [Campanha do Alentejo (1641-1654)] da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Lisboa, Arquivo Histórico Militar, 1952 (1ª divisão, 2ª secção, caixa 3, nº 2), pgs. 179-185. La memoria ausente. Cartografia de España y Portugal en el Archivo Militar de Estocolmo. Siglos XVII y XVIII.

 

 

Joannes Cieremans (Hertogenbosh, 7 de Abril de 1602 — Olivença, 20 de Junho de 1648) foi um matemático, engenheiro-militar e arquitecto holandês, membro da Companhia de Jesus.

 

No contexto da Restauração da independência portuguesa, a partir de 1640, ante a iminência de uma invasão espanhola, impôs-se a completa reestruturação das fortificações fronteiriças de Portugal, adaptando-se as estruturas ainda medievais às exigências da artilharia da época.

 

Foi neste período que João Pascácio Cosmander ou simplesmente Cosmander, como ficou conhecido em Portugal, foi chamado a servir no Exército português, recebendo a patente de Coronel de Engenheiros, como engenheiro da província do Alentejo, tendo sido responsável pela reforma, reconstrução ou ampliação das fortificações da região, entre as quais a Fortaleza de Juromenha, cujos trabalhos foram iniciados e suspensos devidos aos elevados custos e às dificuldades técnicas que se materializaram.

 

Quando estava a trabalhar nas obras da Praça-forte de Olivença, foi capturado pelos espanhóis para cujo lado acabou por se passar. Entretanto, na sua primeira investida contra os portugueses em Olivença, foi atingido mortalmente por um tiro, ao tentar forçar uma porta que sabia mais fácil de entrar, a 20 de Junho de 1648.

 

In Wikipédia

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 12:38
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Junho 19 2010

 

 

4. PARTAMOS RUMO AO FUTURO…

 

… pois é natural a ânsia de progresso e o imobilismo não pode ser o centro do nosso panegírico.

 

Temos o direito de subir e temos a obrigação de promover a subida dos que nos rodeiam. Valorizemo-nos e deixemos que os outros se valorizem para podermos dizer como Nelson Mandela que “a educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. É através da educação que a filha de um camponês se pode tornar doutora, que o filho de um mineiro se pode tornar chefe de uma mina, que o filho de trabalhadores agrícolas pode vir a ser Presidente de uma grande nação. É o que fazemos do que temos, não o que nos é dado, que distingue uma pessoa de outra.

 

Mas façamo-lo cumprindo os valores da Ética.

 

Essa, a missão que se espera das elites e, mais concretamente, ao que devemos conduzir as elites lusófonas: a educar seguindo um conjunto de princípios éticos de inspiração universal mas sem descurar o enquadramento étnico tanto local como nacional de cada País de Língua Oficial Portuguesa.

 

Chamemos-lhe EDUCAÇÃO CÍVICA ou outro nome que possa ser mais consensual, discutamos o conteúdo programático duma tal disciplina curricular do Ensino Oficial mas não deixemos a juventude sem um rumo ético como sucede na actualidade. É que, mais perigoso do que viver numa sociedade imoral, é deixarmos que se forme uma sociedade amoral. Esta questão é tanto mais grave quanto os pais se demitiram da função educativa dos filhos deixando essa tarefa para os professores, função para que estes não estão formalmente preparados e quando muitas vezes nem conseguem dar o programa curricular que lhes está consignado em matérias mais prosaicas do que éticas.

 

Professores que estão hoje no fio da navalha em que se transformou a sociedade actual. Lembram domadores de feras pois deixaram de ter como principal missão ensinar o programa oficial e passaram a ter que domar umas criaturas que os pais largaram na praça pública aos gritos de que tudo lhes é devido, que a tudo têm direito sem esforço. Foi disso que os demagogos convenceram os pais e estes transmitiram aos filhos todas essas irresponsabilidades transfiguradas em direitos.

 

É claro que agora o esforço de retorno à vida responsável, ao inadiável realismo, vai ser um processo muito doloroso e os primeiros a dar de frente com o problema são os Professores. E como os pais não perceberam que a vida de irresponsabilidade que o regime de laxismo lhes incutiu já acabou, revoltam-se e … vão às Escolas bater nos Professores. E se não lhes batem, pelo menos caluniam-nos. Entretanto, conduzida a Justiça a um estado de evidente inoperância, isso sugere aos caluniados que não actuem pelas vias que seriam utilizadas numa qualquer sociedade em que a ética da responsabilidade fosse um valor no activo.

 

(continua)

 

Henrique Salles da Fonseca

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 08:06
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Junho 18 2010

 

 

Deus pede estrita conta de meu tempo

E eu vou, do meu tempo dar-lhe conta;

Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,

Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?

 

Para dar minha conta feita a tempo,

O tempo me foi dado e não fiz conta;

Não quis, sobrando tempo, fazer conta,

Hoje quero acertar conta e não há tempo...

 

Oh! Vós que tendes tempo sem ter conta,

Não gasteis vosso tempo em passatempo;

Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta.

 

Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo,

Quando o tempo chegar de prestar conta,

Chorarão, como eu, o não ter tempo.

 

Frei António das Chagas

 

Frei António das Chagas

 

 

 

Frei António das Chagas, de seu nome António da Fonseca Soares, também conhecido por Padre António da Fonseca,

(Vidigueira, 25 de Junho de 1631Varatojo - Torres Vedras, 20 de Outubro de 1682) é um frade franciscano e poeta

português, destacando-se na história portuguesa mais pela sua faceta literária que propriamente eclesiástica.

(Wikipédia)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/imagens/fchagas2.jpg&imgrefurl=http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/fchagas.htm&usg=__pfKiFI2l1LXwdSLo_SHu6T884VA=&h=1081&w=640&sz=90&hl=pt-PT&start=1&um=1&itbs=1&tbnid=-oDRZqXDdZb6sM:&tbnh=150&tbnw=89&prev=/images%3Fq%3DFrei%252BAnt%25C3%25B3nio%252Bdas%252BChagas%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DN%26tbs%3Disch:1

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 16:49
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Junho 17 2010

 

 

3. … CHEGÀMOS À FILOSOFIA DO PODER

 

Uma filosofia em que o objectivo mais elevado é o poder e que resulta claramente de um espírito de permanente competição. Como cada vitória tenderá a elevar o nível dessa mesma competição, o final lógico de tal filosofia é o poder ilimitado e absoluto. Aqueles que buscam o poder podem não aceitar as regras éticas definidas pelos costumes, a tradição e, pelo contrário, adoptam outras normas e regem-se por outros critérios que os ajudam a obter o triunfo. Tentam mesmo convencer as outras pessoas de que são éticos no sentido do objectivo supremo por eles definido tentando conciliar o poder e o reconhecimento da moralidade.

 

Assim foi que se sentaram na cadeira do poder muitos daqueles para quem a ética dos costumes virtuosos, das leis naturais, da Fé, do voluntarismo e da disciplina é palavra vã. Daí ao poder absoluto, à ausência de regras consensualmente construídas, à ausência de Direito e à dissolução do Estado de Direito, vulgo o fascismo, não dista muito ou não dista mesmo nada. Ignorados os princípios que definem o bem-comum, instala-se o “salve-se quem puder”, instala-se a razão da força em oposição à força da razão.

 

Globalizado o império da competição e sacralizados os critérios da competitividade, não mais resta qualquer esperança de sobrevivência aos que não sejam campeões. E a alternativa para os não campeões – em que o 2º classificado mais não é do que o 1º vencido – é unicamente a de serem servos. Servos mais ou menos mitigados, mais ou menos engravatados, numa gaiola mais ou menos dourada mas servos e apenas servos.

 

A aculturação das populações a um modelo standard e globalizado corta o acesso às raízes culturais mais endógenas e isso anula a ética étnica, essência da cultura mais endógena dos povos. A etnologia é hoje objecto morto de Museu bolorento e escassamente visitado. Em simultâneo, quando esse desenraizamento conduz as pessoas para o mundo da globalização competitiva, então está-se a enviar populações inteiras para um mundo do «salve-se quem puder» em que tudo vale, incluindo tirar olhos. Se a isto somarmos a atracção que as cidades exercem sobre as populações rurais flageladas pelas guerras, pela inviabilização da ruralidade e pela apologia do urbanismo, compreenderemos por completo a selva urbana em que Luanda se transformou. O mesmo se diga do Rio de Janeiro, de Lisboa, Maputo, etc. quer por causa de guerras bélicas quer por causa de outros conflitos de género menos castrense mas igualmente punitivas das sociedades que se sentem cada vez mais desamparadas, desenraizadas e entregues a um mundo sem rei nem roque. E nem todas as vítimas têm que ter a pele escura, ao estilo africano.

 

E como diz Gilles Lipovetsky no seu livro “O crepúsculo do dever”, (...) A sociedade post-moderna ou post-moralista designa a época em que o dever se adocicou e tornou anémico, em que a ideia do sacrifício pessoal se ilegitimou socialmente, em que a moral já não exige que as pessoas se devotem a uma causa superior, em que os direitos subjectivos dominam os mandamentos. Na sociedade post-dever, o mal transformou-se em espectáculo, o ideal pouco engrandecido. Se perdura a crítica do vício, o heroísmo do bem enfraquece. Os valores que reconhecemos são mais tidos como negativos do que como positivos. Por trás de uma falsa revitalização ética, triunfa uma moral indolor, último estádio da cultura individualista (...)

 

Assim, neutralizadas tanto a moral como a ética, promoveu-se a competição. Tudo vale para subir na ostentação. E subir JÁ! A globalização fez isso aos países chamando-lhe competitividade. O que interessa é alcançar os objectivos. Como? Isso é o que menos interessa desde que eles sejam alcançados e, também nesta dimensão macro, JÁ!

 

Aqui chegados, urge perguntar que solução temos à nossa frente. Adoptarmos a clausura monástica à espera que o perigo passe? Entregarmo-nos, à moda muçulmana, nas mãos do fatalismo indiscutível? Preconizarmos um regresso às origens étnicas, folclóricas?

 

Não me convencem atitudes de medo nem de recuo e não me parece que devamos cegamente obedecer à mão invisível ou à tutela anónima de um qualquer big brother.

 

Pelo contrário, proponho que PARTAMOS RUMO AO FUTURO

 

(continua)

 

 Henrique Salles da Fonseca

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 08:54
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Junho 16 2010

 

 

O Elos Clube de Tavira promove em 2010 os seus XI Jogos Florais

 

REGULAMENTO

 

1. Serão apenas admitidas a concurso produções inéditas escritas em Língua Portuguesa. O conceito de “inédito” aplica-se à ausência de toda e qualquer forma de divulgação pública, incluindo a que é feita através de meios informáticos.

 

2. Podem participar nestes Jogos Florais poetas ou prosadores que se exprimam em português, sem distinção de idade, sexo, raça ou nacionalidade. A participação está no entanto interdita aos membros do Júri e aos elementos que constituem os corpos directivos do Elos Clube de Tavira.

 

3. Modalidades:

3.1– Prosa

3.1.1. Biografia (incidindo sobre uma personalidade ligada ao espaço lusíada, qualquer que seja a sua nacionalidade)

3.2 – Poesia

3.2.1 - Poesia obrigada a Mote

3.2.2 - Soneto (tema livre)

3.2.3 - Quadra (tema livre)

 

4. Mote

 

A rosa que tu me deste,

Peguei-lhe, mudou de cor;

Tornou-se, de azul celeste,

Como o céu do nosso amor.

João de Deus

 

 

5. Apresentação dos trabalhos

5.1.– Todos os trabalhos deverão mencionar, ao cimo da página: Pseudónimo, Modalidade, Titulo da obra.

5.2.– Por cada modalidade, poderão ser apresentados, no máximo, dois trabalhos por cada autor, concorrendo sob pseudónimos diferentes e endereçados separadamente.

5.3.– Cada original, referenciado por um pseudónimo, será acompanhado de sobrescrito fechado que conterá os seguintes elementos:

a) No exterior: Pseudónimo, modalidade e titulo do trabalho;

b) No interior: Modalidade, pseudónimo, nome completo do autor, morada, telefone, e e-mail.

5.4.– De cada trabalho devem ser remetidos três exemplares impressos em formato A4, numa só lauda, a dois espaços.

5.5.– Prazo: O prazo de remessa dos trabalhos termina a 30.Set.2010, para o endereço:

 

XI Jogos Florais – Elos Clube de Tavira

                                                                   Apartado 83

                                                                   8801 - 901 TAVIRA

 

5.6. - Podem ser pedidas informações através do e-mail elosclubedetavira @sapo.pt

5.7 - As produções que não obedeçam às condições deste Regulamento serão excluídas sem sequer ser apreciadas.

 

6. Outras especificações

 

Biografia

6.1— Natureza

Esta modalidade procura referenciar figuras que, mesmo não tendo ganho relevância na História de qualquer dos países lusófonos, tenham, no entanto, contribuído para a divulgação da Língua Portuguesa e para o incremento das relações humanas, históricas e culturais, no espaço lusíada.

6.2 - Dimensão O trabalho “Biografia” não deve exceder duas páginas A4, impressas a dois espaços.

 

7. Júri

O Júri, a designar pelo Elos Clube de Tavira e de cujas decisões não haverá recurso, classificará os trabalhos com três prémios em cada modalidade. Caber-lhe-á, para além dos três referidos prémios, a atribuição de qualquer menção honrosa que considerem justificada.

 

8. Prémios

8. 1 - Natureza Os prémios não envolvem natureza monetária;

8.2 - Informação Os concorrentes serão atempadamente avisados da existência de atribuição de um ou mais prémios a qualquer dos trabalhos apresentados.

 

9. Encerramento

A divulgação pública e proclamação dos vencedores terá lugar na cerimónia de encerramento dos Jogos Florais a realizar em Tavira no dia 13 de Novembro de 2010, em local a designar.

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 13:35
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Junho 15 2010

 

 

 

A língua de Camões no tempo actual é o meio de comunicação de cerca de mais de duzentos milhões de pessoa à volta do Globo. É consequentemente a oficial nas instituições de ensino nas terras que os portugueses povoaram, colonizaram após o começo do século XV e quando se dá início à era da expansão.

 

Expandiu-se, progressivamente pelas costas Ocidental de África, Índia, Costa do Coramendel, Ceilão, reino do Pegú, Ilhas Samatra, Molucas, China até ao Japão.

 

Portugal, país de reduzida dimensão geográfica, fundado em Guimarães por Dom Afonso Henriques em 1128, estendeu-se até ao Sul que, banhado pelo Oceano Atlântico, o privilegiou como a varanda da Europa.

 

A grei, composta de homens rudes e de alma generosa, nela surge um português ilustre: o Infante Dom Henrique.

 

Fundou a Escola Náutica de Sagres que o coloca, sem qualquer contestação, numa figura humana de enorme dimensão que transformou completamente o Mundo, no século XVI, graças à sua persistência. O sonho do Infante foi concretizado após a sua morte: as Caravelas de Cristo já navegavam em todos os oceanos da terra.

 

Mercadores, missionários, do Padroado Português do Oriente, conforme os mareantes lusos largam as âncoras das caravelas nas baías e enseadas nas costas das novas terras descobertas, a civilização lusa juntamente com a fé cristã foi introduzida.

 

Com isto a língua de Camões, que foi durante quatro séculos o meio de comunicação entre os países da Ásia, para o comércio, tratados entre países e relações bilaterais, missionários de crenças existente na Europa, a religião católica, em meados do século XVII, o protestantismo.

 

A língua portuguesa no final do século XVI é falada desde a Madeira, descoberta em 1418, até ao remoto Japão. Os portugueses durante quase um século estão senhores absolutos do comércio do oriente, foi no espaço de 100 anos que milhares de pessoas aprenderam a falar o Português e assimilaram frases da língua lusa às de suas raízes.

 

Em todos os portos da Ásia, onde os mercados e a comunidade luso-descendente se instala, a língua portuguesa ali está a servir de meio de ligação entre a França, Inglaterra e a Holanda, quando estas nações começam a descobrir o "filão" das riquezas do Oriente.

 

Era assim a importância do português em todo o continente asiático: S. Francisco Xavier, o apóstolo das Índias, ao serviço da coroa portuguesa, em 1545 pede a Lisboa que lhe mandem missionários a falar a língua portuguesa.

 

A Holanda e o Bantão (Indonésia), em 1596 assinam o primeiro Tratado de Paz e Comércio, cujo texto é redigido na língua portuguesa. Dois anos depois, Maurício de Nassau, regente dos Países Baixos foi portador de uma Credencial que o acreditava como Representante deste país.

 

Ainda neste mesmo ano (1598), os holandeses colocam uma inscrição pseudo-portuguesa na Ilha Maurícia. Um inglês, comerciante, em 1600 é chamado perante o Imperador do Japão e foi na língua portuguesa que se exprimiu.

 

Os barcos ao serviço dos holandeses, nas viagens para o Oriente, levam intérpretes para a língua portuguesa. Frei Gaspar de S. Bernardino, em 1606, encontra no coração da Pérsia pessoas que falam o Português.

 

Mergui (Birmânia), onde viveu uma colónia numerosa de portugueses e porto de grande movimento marítimo, a língua lusa era a corrente entre a população local e a transitária. É assim a língua portuguesa o único meio de comunicação entre os povos da Ásia e o mundo ocidental.

 

Ainda em 1911, os missionários holandeses tinham por obrigação ter conhecimento global do português nos territórios sob a tutela da Companhia das Índias Orientais.

 

Voltando ao início da introdução e depois de um século da língua portuguesa já estar firmada e enraizada por todos os países da Ásia, não pode ficar ignorado um estudo do Prof. David Lopes sobre a expansão da língua lusa na Ásia (1609).

 

As autoridades de Urtan (Ilha de Puloway, Samatra) mandaram a Keeling um mercador inglês que falava português com uma carta de um Almirante holandês em língua portuguesa.

 

Muitos habitantes da Ilha de Mhélia (nas Comores) falavam português. Tratado de Paz e Comércio entre dinamarqueses e o Príncipe de Tanjor em espanhol-português e alemão. (1638).

 

Os moradores de Comores, em frente de Ormuz, falavam português. (1639-1687). Em Batávia, as mulheres da sociedade e os escravos falavam português segundo N. De Graaf. (1646-1658). Os Reis do Ceilão correspondiam-se em português com os holandeses. (1647).

 

O Governador da Ilha Celebes falava bem português, segundo o Padre Alexandre Rhodes. (1661). A língua portuguesa é falada por quase todos os habitantes da Índia, segundo Schouten. (1675).

 

Pregação em língua portuguesa na cidade de Batávia. (1679-1681). Os Reis de Aracão correspondiam-se em português com o Governador-geral da Batávia. (1686). Os jesuítas franceses que iam para a China falaram em português – " que era a língua mais corrente no país" – com o Governador da Batávia, segundo o P. Tachard. (1689).

 

Em Sião, os padres franceses pregavam em português, segundo o P. Tachard. (1698-1704). A Companhia Inglesa das Índias obrigava os ministros da religião a aprender o português. (1708).

 

O português, língua corrente em Batávia, segundo Valentyn. (1708). Os pastores de língua malaia em Batávia apresentaram um pedido ao Governador-geral e ao Conselho das Índias pedindo que o culto em língua malaia se fizesse na igreja portuguesa. (1709). Grundler, missionário de Trangambar, afirma a grande utilidade da língua portuguesa para exercício do seu ministério. (1711).

 

A língua portuguesa é uma espécie de língua franca em todos os portos da Índia, segundo Lockyer.(1718). Ma história da Princesa Bilibamba, o heroi principe chinês, fala português, segundo Biervillas. (1723). Indígenas das Ilhas das Ilhas de Nicobar que compreendiam o português. (1724, ou um pouco antes). A língua portuguesa é de uso corrente entre os europeus da Índia, segundo Hamilton"…(1)

 

 

A Inglaterra e a Holanda procuram por todos os meios e preço tomarem o lugar aos portugueses na dominação do comércio do Oriente. Os britânicos preferem a Índia, enquanto os holandese se estendem mais ao Sul, navegando nas àguas do mar de Andanam, passam o estreito de Malaca, conquistam esta praça aos portugueses, fixam-se em Samatra,Batávia e em todas as Ilhas do arquipélago que nos dias de hoje são pertença da Indonésia.

  

A Dinamarca, com presença pouco significativa na Ásia, vão fazendo comércio e ocupam alguns portos da Costa do Coramandel, que não são mais que pontos de apoio logístico a sua navegação. A França deseja seguir as duas potências europeias e balançar,assim, o dominada o comércio asiático, sem querer envolver-se em lutas. A Ásia é enorme e ali há muito que comprar e vender.

 

Luis XIV, o Grande entronizado rei de França, na idade do "biberão", aos cinco anos. Um Rei menino e certamente influenciado pelos educadores da Corte, fazem dele um monarca déspota, amante de batalhas e pelas lutas em que França se envolveu, leva a nação a sofrer o revés da miséria.

 

Luis XIV deseja colonizar apenas o reino do Sião e com o propósito da França ser o pêndulo da balança que pesava as forças inglesas na Índia e as holandesas na Indonésia. São os missionários jesuitas das Missões Estrangeiras de Paris encarregadas de fazer a exploração da costa marítima do Sião, referenciar os pontos estratégicos em modos de espionagem para depois os transmitire ao Rei Grande.

 

Tal nunca viria acontecer dado que o Povo siamês deu conta da conspiração, deu-se um terrível massacre aos missionários franceses já residentes em Ayuthaya. Os que conseguiram escapar, meteram-se em barcos, navegaram pelo rio Mekong e refugiam-se em Phnom Penh, no Cambodja e mais tarde no Vietname e Laos que não tardou a colonizarem estes três países.

 

A língua portuguesa não pode ser ignorada pelas três maiores potências europeias da época . Sabem os seus governantes que dela s terá de servir a sua gente como meio de comunicação, entre os povos das novas terras ocupadas.

 

Os novos ocupantes da Índia, Ceilão, Pegú, Malaca e a Indonésia, não era com facilidade que poderiam assimilar as dezenas de dialetos falados no Oriente. O português já estava a ser falado em termos correctos nos portos de toda a Ásia e nos crioulos simplificados – indo-português e malaio-português- o usado nas trocas comerciais.

 

São os franceses os que mais se servem da língua lusa em toda a Ásia e, aconteceu no Reino de Ayuthaya, onde a língua se tinha desenvolvido enormemente entre a comunidade lusa-descendente, no Ban Portuguet (Aldeia dos Portugueses), com uma população a rondar as três mil pessoas.

 

Na outra margem do rio Chao Prya ou Mename, onde a comunidade portugueses vive,situa-se o Campo Japonês, cuja população é composta pelos cristãos perseguidos em Tenagashima e Negasaki pelo Imperador nipónico e os seus samurais.

 

Para os perseguidos é preferível fugir do Japão que renegar a fé que Francisco Xavier tinha introduzido no país do Sol Nascente há mais de um século e ficam assim juntos à comunidade portuguesa onde o calor espiritual da religião da católica os aconchegava.

 

Chega com os avós do Japão uma ilustre e corajosa, ainda na flor de sua juventude, a luso-descendente Maria Guiomar de Pina (a). Mulher virtuosa e possuidora de tão enorme generosidade que mais tarde vem a contrarir matrimónio com Constantino Falcão, de nacionalidade grega, que mercê da inteligência de que é dotado chega a ocupar o lugar de primeiro-ministro na Corte do Rei Narai, do Sião.

 

Os franceses utilizam Constantino Falcão como intermediário entre estes e o Rei Narai. Os missionários jesuítas das Missões Estrangeiras de Paris, servem-se dele para que o Rei Narai se possa converter ao catolicismo com a introdução de clérigos na Corte e, tem de ser a língua portuguesa no meio de entendimento entre o Sião e a França. O Museu de Versalhes conserva nas suas gavetas numerosa correspondência escrita em língua portuguesa, sobre Tratados e outras relações entre as duas monarquias.

 

A grandeza dos factos cai, igual como os impérios!

 

A língua portuguesa está a extinguir-se no Oriente.

 

Depois de Moçambique e contornando a Costa da Índia até ao Japão, apenas se fala o português (não em toda a população) em Goa, Timor e Macau.

 

A esperança que ainda nos resta, a língua de Camões, como oficial, em Timor a lembrar o passado histórico de mais de 500 anos.

 

Bangkok

 

 José Gomes Martins

 

(1) David Lopes, Antologia da Historiografia Portuguesa II – De Herculano ao Nossos Dias, página 138 – Publicações Europa-América

(a) Não existe a certeza histórica se Maria de Pina Guiomar nasceu no Japão ou em Ayuthaya. Porém tudo leva a crer que teria nascido no Campo Japonês e conhecido por Yammada.

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 08:12

Junho 14 2010

 

 

2- DONDE VIEMOS …

 

Desde que os homens vivem em sociedade – ou seja, desde sempre – que a regulação moral da conduta se mostrou necessária ao bem-estar colectivo. E se certas normas só se impuseram pela ameaça da ira divina, outras houve que nasceram da vontade profana de líderes políticos. Assim nasceu uma perene miscigenação entre os poderes temporal e religioso. Assim foi nas mais antigas civilizações (egípcia, suméria, chinesa, grega), assim foi até há bem pouco tempo com os Luíses franceses a justificarem o seu poder na origem divina, com a Inquisição que em Portugal só foi extinta em 1821. E apesar da Revolução Francesa, da laicização progressiva da sociedade, da revolução bolchevista e respectivo processo de ateização sistemática, assim é ainda hoje na Arábia Saudita e no Irão por onde não passaram essas vagas revolucionárias e onde vigoram verdadeiras hierocracias. Mais: hierocracias unicitárias, punitivas e vingativas. Do nosso lado da Civilização temos a teocracia vaticana que, limitada geograficamente a uma ínfima parcela da laica Roma, define o dogma da Fé e orienta a moral de uma parte importante da Humanidade já sem a Inquisição e seu mais temido instrumento, a pira.

 

Ao percorrermos a História deparamos com uma pleiade de pensadores, todos circunstanciais, sendo que nem sempre os eternos e universais assumiram em vida os papéis mais relevantes. Quantas e quantas vezes o sofisma se fez passar por dogma, a falácia vingou como verdade absoluta, os facínoras foram louvados como heróis. Nem sempre foi rápido o reconhecimento do mérito e com frequência o foi apenas a título póstumo. Contrariamente aos Prémios Nobel, é com muita cautela e demorada ponderação que se proclamam os Santos da Igreja Católica e num nível bem mais prosaico, é com a apreciação de toda a vida das personagens que se cria a toponímia da cidade de Lisboa.

 

Seria fastidioso senão mesmo impossível resumir aqui o percurso da Humanidade pensadora pelo que bastará referir que foi por violentas convulsões, idealismos mais ou menos platónicos e por mares duramente navegados que CHEGÀMOS À FILOSOFIA DO PODER.

 

(continua)

 

Henrique Salles da Fonseca

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 11:00
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Junho 13 2010

 

 

“Quão formosa e quão aprazível és ó,

amor em delícias.” Cantares, 7:6)

 

Você quer ser minha namorada?

Sim, sou casado. Tenho uma esposa.

Mas, veja só, eu estou querendo é uma namorada!

Não é que eu não goste da esposa que tenho. Ela é óptima dona de casa, e excelente mãe... Mas eu estou procurando é uma namorada. Bem do jeito que decantou Vinícius:

 

Se você quer ser minha namorada,

Mas que linda namorada, você poderia ser:

 Se quiser ser somente minha,

Exactamente essa coisinha,

Essa coisa toda minha

...Você tem que vir comigo em meu caminho…”

 

Isto mesmo: alguém que venha comigo em meu caminho, e que me reconduza à juventude. Que ria e que me faça rir; que fale de coisas alegres e agradáveis; que se disponha a passear comigo de mãos dadas, a ir ao cinema, ao parque... a comer pipoca e a falar de amenidades e até de futilidades…

Pois é. Não é nada disso que faz minha esposa!

Ela fala só de problemas: com a empregada, com a vizinha, com os filhos.

Repisa as dificuldades financeiras, os senões domésticos, a torneira vazando, o fogão enguiçado, e por aí afora.

Está sempre nervosa, irritada, indisposta, cansada, saturada de tudo…

Por isso que eu estou querendo encontrar uma namorada.

E gostaria que fosse VOCÊ, que conheço tão bem e a quem tanto estimo!

Gosto de seu estilo, de seu porte, de seu jeito de ser. Admiro-a há muito tempo e fico imaginando como seria bom namorá-la, cortejá-la, amá-la…

Imagino-me encontrando-a, toda produzida, perfumada, sorridente, solta, disposta a um programa gostoso, tranquilo e descontraído, sem outro compromisso que não o de nos fazermos mutuamente felizes!

Ah! Como seria bom! Como eu me sentiria realizado!

Remorso? Dor de consciência?

De forma alguma! A pureza de meu afecto, de meu amor, justificaria tudo perfeitamente.

Além disso, a alegria e felicidade que, por certo, eu veria estampadas em seu rosto querido compensariam tudo, tudo!

Então? Você quer ser minha namorada — ou melhor — quer voltar a ser minha namorada…

MINHA ESPOSA?

 

J. B. Oliveira

 

(Do livro “Iluminação Interior - Mensagens e Temas para Meditar”, de J. B. Oliveira, publicação da Madras Editora)

 

A propósito do Dia dos Namorados que no Brasil se comemora em 11 de Junho

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 17:00
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Junho 12 2010

 

 

Para além do Cabo de São Vicente

E além das escarpas dos penedos...

Mar! Mar à vista! Mar! Mar! Mar à vista!

Ah, aqui onde a Terra beija o Mar,

Viram-se velas, destino ardente,

Partindo à gloriosa conquista,

Assumidas as diferenças dos medos

Dum Povo feito para velejar,

Que escolheu terra e continente.

 

E lá muito além onde há ninguém,

Por detrás de ruídos marulhentos,

Pátria, muitos quiseram amar-te.

Mátria de Natália Correia,

Poetisa dos difíceis momentos

Duma bem esplendorosa Assembleia.

Do velejar fez-se a nossa arte

E dos políticos a verborreia.

Mar e Destino ficaram n'areia.

 

Assim vamos, Povo indiferente,

Velejando numa nau catrineta,

À espera do dia do Senhor,

Com fiéis orações a muitos Santos.

Ouvidas as boas catilinárias

Acabadas em ruidosos prantos

Que, infelizmente, Nos superam,

Das mui incompetentes alimárias

Que, impunemente, nos governam.

 

E hei-de quedar-me por esta glosa,

Que canta a Terra e a Natureza.

Abandonei, de vez, a grande prosa;

Suspendi-me, pois, com grande arrebate,

Na Poesia e na incerteza,

Dos versos talmúdicos de combate.

Ah! eu exijo o meu País de volta.

Quero árvores, mas desejo o Mar!

Quero dar largas à minha revolta!

 

 

Árvores da Natureza Eterna

Com as folhas caidas pelo chão,

Eu entrego-me à sua sombra

Enquanto vos faço esta canção.

Com a brisa suave a'judar,

Lembro-me da vida militar

E do passado que não ensombra

Os sons duma típica caserna.

Toca a sineta! Toc'a sineta!

 

Eu quero Portugal a navegar!

 

Luís Santiago

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 07:46
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Junho 11 2010

 

 

1. ÉTICA, O QUE É?

 

Moral é a questão dos princípios; Ética, a dos factos.

 

Para Aristóteles era a virtude implícita nos costumes; para Espinosa, a conformidade com as leis eternas, as da Natureza, com a determinação divina; para Kant era o dever e para Hegel a obediência. Hegel foi mesmo ao ponto de afirmar que a ética não resulta de um contrato social mas sim de um crescimento natural que surge na família e culmina, no plano histórico e político, no Estado. A história do mundo – escreveu ele – consiste em disciplinar a vontade natural incontrolada, conduzi-la à obediência de um princípio universal e, nesse enquadramento, facilitar a liberdade individual.

 

Ou seja, estamos perante um conceito do comportamento social conforme aos costumes virtuosos, às leis naturais, à Fé, ao voluntarismo e à disciplina.

 

Mas há uma outra fonte que actualmente não podemos ignorar: a razão. Nesta circunstância é de esperar que a ética assente no pensamento racional. E como este varia consoante a sociedade de que emana e da época em que é gerado, temos que reconhecer a ética como um valor relativo, não absoluto nem definitivo.

 

Eis como podemos e devemos conceber uma Ética Lusófona para o séc. XXI. Podemos pelas razões referidas; devemos porque a isso nos obriga a História.

 

(continua)

 

Henrique Salles da Fonseca

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 11:34
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