De Onde o Brasil Desandou a Ser Caostólico
Aquele que se endeusou nas palavras como esgrima
Sermões ensandecidos como se em afiadas catarses
Que se metamorfoseou tropical em aura e halo, deu-se
Para silvícolas, cristãos novos, brasilíndios em latim
Profeta do mundo entrevado por colonizações brutais
Padre Vieira que a partir de um fecundo "Pau-Brasil"
(Que é como deveria chamar-se a terra invadida;
Santa Cruz Brasilis) quase que em loucura perene
Despojou-se em palavras, vinho-verbo, tomos letrais
Ensoberbado por achar-se em luz e pleno pulvis
Aquele que (só ele) sabia descodificar-ler-(se) Deus
Em traduzi-Lo muito além de seu meio, contexto-caos
Porque católico e a inquisição viçava nodal e podre
Ainda assim em auto-exilio sectário filosofava-se
Pedras-criaturas: cetras cortantes, conceitos-odes
Jorro neural destilando-se em transe espiritual
(O clima; angústia - a alma, (in)purezas pegajentas)
E deixou o fio-terra litúrgico, legado banzo-elíptico
Não ainda traduzido para o real magma telúrico
Teologia-história, tupidavidico, amalgamados negredos
Amou seu próprio Cristo interior como trovattore
Oficial de Deus, em pan-crucifixação carimbada
E de si como se fora um eclesiástico apóstolo fiel
Foi em si mesmo Isaías enfermo e ainda todo pleno
No inferno-colónia reflectindo fugas em palaveiros.
Silas Corrêa Leite