Elos Clube de Tavira

Junho 30 2010

 

 

A vida que não é examinada, não merece ser vivida.

 

Sócrates

(filósofo grego)

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 18:28
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Junho 29 2010

 

 

http://www.youtube.com/watch?v=YERFC3uHPbs&feature=related

 

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 18:41
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Junho 28 2010

 

 

6. E PORTANTO...

 

Se o poder dos órgãos de comunicação não for totalmente esclarecido, a democracia poderá não subsistir de forma verdadeiramente duradoura. Até porque enquanto prevalecer o critério de que «devemos oferecer às pessoas o que elas esperam», os programas serão cada vez mais medíocres e então, como Popper conclui, (...) só nos resta ir para o Inferno! (...).

 

E se não quisermos ser cilindrados pelo fatalismo infernal, recordemos Hegel quando ele diz que é necessário disciplinar a vontade natural incontrolada, conduzi-la à obediência de um princípio universal e, nesse enquadramento, facilitar a liberdade individual.

 

Por tudo isto eu digo que nos espera um século de glória ou de desespero conforme consigamos ou não dar esperança ao Mundo Lusófono...

 

• ... Trazendo de volta os valores éticos de base étnica na dimensão individual e na colectiva devidamente harmonizados na nossa convivência pluri-cultural e internacional;

 

• Se conseguirmos definir um novo código ético de conduta para a comunicação social;

 

• Se conseguirmos impor aos governantes lusófonos que se rejam por um inultrapassável Sentido de Estado.

 

E como Georges Steiner afirma, “despertar noutro ser humano poderes e sonhos além dos seus; induzir nos outros um amor por aquilo que amamos; fazer do seu presente interior o seu futuro: eis uma tripla aventura como nenhuma outra”.

 

Conseguiremos?

 

Esperemos que sim pois não faz sentido viver longe da utopia.

 

                                                                Com grandes golpes bato à porta e brado:

                                                                Eu sou o vagabundo, o Deserdado…

                                                                Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!

 

                                                                Abrem-se as portas d’ouro, com fragor…

                                                                Mas dentro encontro só, cheio de dor,

                                                                Silêncio e escuridão – e nada mais!

 

 

Ao fim de mais de 130 anos, eis-nos novamente a bater às portas do “Palácio da Ventura”.

 

Mas o nosso não será um fim igual ao de Antero de Quental.

 

 

 

 Henrique Salles da Fonseca

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 21:37
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Junho 27 2010

 

 

A velha casa onde nasci tinha um suporte para a Bandeira Nacional. Era ali, mesmo junto a uma janela da sala que dava para a rua. E dessa janela, aos Domingos e feriados, sem ser necessário sair, se enfiava a argola superior no rodízio e se içava no mastro. E ao fim do dia se retirava, dobrava e acomodava na gaveta inferior da estante de madeira preta do escritório. Sem grandes honras de circunstancia, mas com o respeito que o símbolo nos merecia.

 

Na época, anos quarenta do séc. XX, embora em plena República, os tempos não eram de republicanismo. A bandeira em casas particulares não era muito bem vista. Onde se mantinha, era-o pela convicção de alguns cidadãos que achavam ter encontrado no regime implantado em 1910 a cura para todos males de que enfermava a sociedade portuguesa. Uma ilusão como qualquer outra…

 

O facto, naquilo que nos tocava, tinha a ver com o anterior proprietário, o meu Tio-avô Eduardo Gomes, um indefectível republicano que resolvera instalar o mastro para fazer ondular o símbolo pátrio na sua casa. Ideia que foi seguida pelos seus herdeiros, até que, por imposição municipal, o mastro foi mandado retirar a fim de não prejudicar o trânsito de veículos naquela zona um pouco mais estreita da rua.

 

Os tempos mudaram.

 

Os vários símbolos de independência vão sendo esquecidos. O Hino Nacional já não é, como dantes, ensaiado nas escolas uma vez por semana. As FAP deixaram de ter, em exclusivo, o encargo de defesa da integridade geográfica do País. Agora ou é a NATO ou a Europa. A nossa ZEE (Zona Económica Exclusiva) considerada a sua continuidade com os Açores, é tão extensa que dificilmente será controlada pelos meios que não temos. A língua, com o avançar do Inglês, perde identidade, embora contemos com o Movimento Elista para de alguma forma travar a tendência da supremacia saxónica.

 

Resta-nos a Bandeira.

 

Bandeira que, em época de campeonatos futebolísticos, do Mundo ou da Europa, ressurge com alguma força. Pendurada à janela, desenhada na face dos adeptos, aplicada na roupa, transportada na viatura.

 

A Bandeira portuguesa, atravessado um momento de relativo êxito desportivo, voltou a aparecer nas janelas com maior presença nos núcleos emigrantes da Europa e do resto do Mundo. A euforia, que muitos adjectivam de provinciana, pode ser de curta duração. Pode ser que sim. Mas valeria a pena aproveitar esse calor emotivo e dar à Bandeira Nacional o lugar que merece. A começar por uma larga maioria de Edifícios Públicos onde deixou de aparecer aos Domingos e feriados nacionais. Ou noutros Serviços, onde, por comodidade do seu pessoal, a bandeira é mantida meses e meses seguidos até o tecido desfiar e perder a cor original. E isto acontece um pouco por todo o País.

 

Foi dado o mote. Mas seria bom ensinar, defender, fomentar o prestígio da Bandeira Nacional. Com futebol ou sem futebol.

 

Não só em Portugal. Em todo o espaço lusíada, senhor de uma língua comum, é preciso que se reiterem também os símbolos das suas identidades. A globalidade em que o mundo se move, mais do que aconselhar, exige-o!

 

 Luís M. de Mello e Horta

Presidente da Mesa da Assembleia Geral

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 11:30

Junho 26 2010

 

 

Em 2001...

 

Não vale a pena ver sempre tudo pelo lado trágico mas, vez por outra, encarar as situações com boa disposição. Faz até bem à saúde.

 

Multa por osmose

 

Um grupo de portugueses que há pouco tempo visitou a África do Sul, alugou meia dúzia de carros e aí vai em passeio pelo Kruger Park, e Suazilandia. Da capital da Suazi à fronteira de Moçambique são uns escassos 150 quilómetros. Porque não ir lá almoçar? Lá vão os seis carros, passam a fronteira mesmo sem visto, deixando os passaportes no controle de fronteiras, porque se tratava de uma visita de um só dia. Um pouco adiante na estrada, a polícia. Manda parar os da frente e começa a multá-los porque não levavam os cintos de segurança colocados. O último carro parou também, mesmo sem que tivesse recebido ordens para isso, mas porque viajava com o grupo. Aproxima-se o polícia:

 

- Tu também estás multado.

- Multa de quê?

- Cinto de segurança.

- Mas eu tenho o cinto colocado, como vê. Só parei porque venho junto com aqueles carros.

- Paraste, não paraste? Então também vais pagar a multa.

- ?!

 

 

A “doença” da pele

 

O Jorge é um trabalhador moçambicano, escuro, como seria de imaginar, que presta serviço na carpintaria da Casa do Gaiato. O “mestre” é um antigo gaiato de Portugal, português de sotaque fechado lá da bimbas do Minho, louro. Trata todo o mundo como se fossem cães infiéis! Foi possivelmente assim que o trataram em pequeno até ser recolhido em Paço de Sousa, para se tornar homem. Berra muito, com todos, mas não passa de berraria, e a maioria já o deixa a falar sozinho. De qualquer modo não é agradável passar o tempo todo a ouvir um sujeito berrar, tanto mais que não parece ser esse o melhor método de ensino. Mas...

 

Um dia o Jorge, depois de ter feito uma série de asneiras na montagem dumas janelas, ouviu uns “porros” a mais e foi queixar-se. No calor das suas queixosas divagações teve a infelicidade de apontar para o pulso e dizer ameaçadoramente:

 

- Se não fosse esta pele.

 

Eu, que estava assistindo, não participando, do problema, avancei para o Jorge, peguei no braço dele e:

 

- Não me diga que você está com um problema de pele. Chegue aqui à luz. Deixe ver. O melhor é você ir ao posto médico. Pode ser contagioso.

 

O Jorge entupiu. Entendeu a mensagem e riu. Daí em diante quando passava por ele sempre lhe perguntava se estava melhor da pele! Ganhei outro amigo!

 

 

Lá vai o combóio, lá vai...

 

Portugal, quando senhor de Moçambique, seguiu à letra a filosofia do homem de visão, cujas ideias foram desumanamente aplicadas, António Enes. Assim, em condições que na maioria dos casos se consideram hoje condenáveis, habilitou-se a colónia, ou província, com uma razoável rede de caminhos-de-ferro, com mais de 3.500 quilómetros de extensão. Isso permitiu desenvolver o país, e continua a ser uma das fontes de divisas, pelos serviços prestados aos vizinhos Suazilandia, África do Sul, Zimbabwe, Zâmbia e Malawi. Mal ou bem, depois da devastadora guerra fratricida, os comboios continuam a circular, a maioria do equipamento muito degradado.

 

“Apeadeiro Diogo”. Ao fundo a Casa do Gaiato

 

Uma das linhas faz Maputo-Suazilandia, sobretudo para daqui trazer o açúcar e outros produtos de exportação deste vizinho. A quarenta quilómetros da capital, passado Boane, o terreno sobre um pouco, muito pouco, e lá vem a formação, uma locomotiva e trinta e cinco vagões, a ter que vencer aquela serra de uns quarenta metros de altitude!
Durante as primeiras semanas que ali estive assisti a algo interessante. As locomotivas não tinham força para carregar aquela parafernália toda por ali “a cima”! O declive não será talvez de 0,5 por cento, mas a verdade é que num determinado lugar o trem parava. O maquinista descia, andava a pé pouco mais de mil metros e ia à Casa do Gaiato pedir para telefonar para a estação central. Ficava por lá um bocado na conversa, até que uma a duas horas depois chegava outra locomotiva a dar o empurrãozinho necessário para tirar o trem dali! Não aconteceu uma vez só. Durante várias semanas isto acontecia quase sistematicamente. Por fim devem ter reparado os motores e o problema ficou resolvido!]No ano anterior, ali mesmo em frente à Casa, onde está a moderna estação-apeadeiro, “Diogo”, nome do antigo proprietário português daquela machamba, e onde no tempo da guerra algumas formações ferroviárias foram dinamitadas e destruídas, voltava da Suazilandia mais um combóio, sempre com os mesmos trinta e cinco vagões a reboque. Desta vez o trem desce. As grandes inundações afetaram tudo, até a estrutura dos aterros de assentamento da linha, a que se pode juntar aquilo que normalmente se chamaria falta de conveniente manutenção. Um dos carris não aguentou, abriu e... lá vão vinte e seis vagões descarrilados. Uns com açúcar, outros com combustível, outros com carga diversa. O maquinista seguiu viagem. Quando parou na estação seguinte é que lhe perguntaram:

 
- Ha! Ha! Como tu só traz nove vagões? Onde estão os outros, pá?

- Não sei!

 

Não sabia. Nem se deu conta que a máquina puxava mais folgada. Era a descer. Da Casa do Gaiato é que viram o acidente, para lá correram, alertou-se a central e mandaram vir bombeiros e ambulâncias porque no meio daquelas ferragens estavam dois homens presos! Lá vieram. Primeiro, soldados para não deixar que o povo saqueasse o açúcar e outros alimentos. Sete horas depois o socorro aos homens. Um entretanto não necessitava mais de socorro!

 

 

Um dos vagões ainda lá está... “perdido”!

 

Dezembro de 2001

 

Francisco Gomes de Amorim

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 11:56

Junho 25 2010

 

 

Eis-nos chegados a um mundo sem sonhos, completamente manipulados por um “big brother” que efectivamente comanda a vida. E o mais grave é que nós, os que sabemos do que se está a passar, não temos sido suficientes para escapar a essa manipulação.

 

Gente culta desesperada é hoje “o pão-nosso de cada dia” porque o que está a dar é a apologia do sexo, da violência e do sensacionalismo. Voltámos ao velho pregão dos ardinas quando berravam TRAZ O DESASTRE!!!

 

Sim, também hoje os telejornais se acotovelam apregoando os maiores desastres que conseguem eleger porque «devemos oferecer às pessoas o que elas esperam».

 

Como podem dizer tal absurdo? Pelos níveis de audiência? E que opções alternativas são colocadas às pessoas? Como se comportariam os telespectadores se as alternativas o fossem efectivamente? Que leque de escolhas é dado aos telespectadores? Se esse leque fosse grande, como se comportaria o público? Mas se o leque variar entre programas sensacionalistas e violentos, o que restará como alternativa verdadeiramente construtiva? As telenovelas e o futebol? Serão estas as alternativas que se devem colocar a quem se perde num mundo sem esperança?

 

E quando a vox-populi é gerida num processo de climatização generalizada de vontades anónimas por uma mão invisível nunca identificável, então chegámos a uma situação em que até Karl Popper concluiu com tristeza ser a televisão um perigo para a democracia.

 

Como é que um espírito superior – assumido politicamente como um democrata e liberal convicto na perspectiva económica – pode concluir de modo tão chocante e surpreendente?

 

Só há uma resposta: a televisão é um perigo para a democracia por causa do mau uso que se lhe dá.

 

E, contudo, ela poderia ser um portentoso instrumento educativo. Mas não o é porque sacrifica tudo aos níveis de audiência, os que pagam a publicidade que a financia. E para atingir esses níveis de audiência os realizadores de televisão não olham a meios, argumentam com o tal sofisma de que «devemos oferecer às pessoas o que elas esperam» e abdicam mesmo dos princípios éticos sempre que estes se apresentam como escolhos aos objectivos traçados.

 

Porque não educa e frequentemente deseduca de múltiplas formas e de um modo repetitivo faz a apologia da violência e da razão da força (ganham os bons porque vence o mais forte) em vez de pugnar pela força da razão (ignorando que o vencido poderia ser o dono da razão). A televisão revela-se como uma potente inimiga da democracia cuja mais sublime vocação é a de permitir aos cidadãos que se elevem aos superiores níveis da cultura e, portanto, da dignidade. Sim, já quase nos esquecemos deste objectivo fundamental da democracia pois estamos cilindrados pelo mais badalado – e praticado – que é o relativo aos mais elevados índices de conforto material. Contudo, «nem só de pão vive o homem».

 

Mas não nos quedemos pelo diagnóstico e pela acusação: temos que encontrar uma solução para o problema. E essa solução consiste no regresso a valores éticos que condicionem o exercício da profissão de jornalista e de produtor de televisão.

 

A exploração sensacionalista dos telejornais para quem só há gatunos, corruptos e vilões expande o ódio, desilude os crédulos, vicia na denúncia.

 

Não haverá outros cenários menos trágicos? Não haverá outros temas que nos suscitem a busca de soluções construtivas?

 

O mundo da comunicação social vai ter que mudar muito até que se transforme num instrumento de desenvolvimento das populações a que se dirige.

 

Todos aqueles que participem na produção jornalística deveriam ser instruídos com nova formação específica – seguida de exame – com vista ao cabal desempenho dessa formidável função educativa. O objectivo desta formação seria levar os candidatos ao jornalismo – e em particular todos aqueles que produzam programas de televisão – a compreenderem que iriam participar num processo de educação de alcance gigantesco. Todas as pessoas que viessem a fazer televisão deveriam tomar consciência de que têm um papel de educadores pelo simples facto de a televisão ser vista por crianças e adolescentes. Nessa formação deveria ser abordado com especial atenção o risco existente para as personalidades vulneráveis de confundir realidade com ficção bem como os efeitos perversos que estas confusões podem desencadear. A autorização, licença ou carteira assim obtida poderia ser-lhes retirada definitivamente se alguma vez agissem em contradição com os princípios éticos que urge definir. A instituição com poder para retirar essa licença seria uma espécie de Ordem.

 

(continua)

 

Henrique Salles da Fonseca

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 17:34
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Junho 24 2010

 

Viseu (?/?/?) - Niterói (23/JUN/2010)

 

O Elos Internacional da Comunidade Lusíada enlutou-se com a notícia de falecimento de nosso querido CE Tomaz Correia de Miranda Lima, Presidente do Elos Clube de Niterói (RJ-BR).

 

Ao rememorar momentos de convívio elista, vem à tona a figura defensora dos Princípios Elistas e de todas os demais documentos, embasadores da filosofia elista. Presença marcante em todos os eventos do " Movimento Elista" no Brasil ou em Portugal, o CE Tomaz C. de Miranda Lima honrou, com muita dignidade, os compromissos assumidos em nome do Elismo.

 

É necessário, portanto, que em cada local onde há uma Unidade Elista instalada, com a devida presença de suas Autoridades, fazer valer o respeito ao companheiro que lutou, defendeu e, principalmente, creditou fé ao Elos Internacional e a todos que o compõem. Esta Presidência solicitará a todos que, em eventos onde o cunho elista seja a primazia, faça a devida comunicação e haja respeito ao " um minuto de silêncio em memória de nosso querido CE Tomaz.

 

Ressalta, neste momento, que a bandeira do Elos Clube de Niterói seja a significância da sensibilidade de cada mão espalmada de elistas, contendo o calor dos seus corações, direccionados à triste ocorrência.

 

É preciso registrar que foi o CE Tomaz, fervoroso defensor da Carta de Princípios Elistas, base de toda filosofia elista. Viveu para executar o Bem. Com as suas acções elistas construiu pontes e não muralhas; fez a semeadura da abertura de portas para o Elos Internacional com muito êxito. Valorizou a sua condição de herdeiro espiritual "dos homens das sete partidas" (...) e " que pregaram em todos os recantos da terra a fé, a esperança, a caridade e a paz." Encaminhou os seus actos pela Oração Elista, de lavra de nosso fundador, CE Dr. Eduardo Dias Coelho, de forma exemplar, fechando o seu ciclo de vida como um instrumento de Deus na busca da congregação dos Homens, no alcance de um Mundo "sem desavenças ou guerras" e na conquista de pessoas para viverem no ideário elista.

 

Esta Presidência solicitará ao Governador do DE-8, CE António Loulé, que a represente em seu funeral.

 

Esta Presidência, ainda, coloca-se à disposição da família Tomaz C. de Miranda Lima para o que for necessário.

 

Neste momento de grande tristeza e pesar, envia as suas saudações elistas, já carregadas de saudade.

 

 CE Maria Inês Botelho

Presidente do Elos Internacional da Comunidade Lusíada

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 11:51
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Junho 23 2010

 

 

Por tudo que antecede, parece urgente assentar naquilo que devemos apelidar de …

 

5. … EXIGÊNCIAS COMUNS DE UMA EDUCAÇÃO ÉTICA

 

Cada verdadeiro educador sabe que deve transmitir algo de si mesmo e que só assim pode ajudar os educandos a superarem egoísmos. Há na criança e no jovem um grande desejo de saber e de compreender que se manifesta nas suas contínuas perguntas e pedidos de explicações. A educação reduz-se à dimensão de mera instrução quando se limita a dar noções e informações deixando de lado a grande pergunta que pode servir de orientação na vida: o que é o bem? E há que distinguir entre o bem individual, o bem plural e o bem nacional que servem para a vida dos governados, os contribuintes. Mas a essas dimensões do bem há que juntar o Sentido de Estado, ou seja, o bem a que devem obedecer os governantes, os contribuídos, a quem cumpre gerir a definição da causa comum, ou seja, o bem comum.

 

E se a causa comum resulta duma discussão democraticamente desenvolvida, ela tem que assentar em princípios morais que derivem linearmente do conceito de bem, tudo conjugado num edifício a que deveremos chamar política de base ética. Ou seja, no plano nacional, a Ética e o Sentido de Estado estão ligados numa relação íntima em que nenhum dos dois conceitos pode existir sem o outro.

 

Outra questão, aliás bem delicada, tem a ver com o equilíbrio entre a liberdade e a disciplina. Educação bem sucedida é a que dá formação para o recto uso da liberdade e as regras de comportamento, utilizadas no dia-a-dia, formam o carácter. Só um carácter bem formado permite aos jovens a preparação necessária para enfrentarem as vicissitudes que não faltarão ao longo da vida.

 

E é do disciplinado uso da liberdade que resulta com a maior naturalidade o sentido de responsabilidade, esse outro valor imprescindível para a harmonia e desenvolvimento social.

 

A responsabilidade começa por assumir uma dimensão individual e é partir dela que construímos a responsabilidade plural como membros de uma nação.

 

E as ideias, os estilos de vida, as leis, as orientações gerais da sociedade e a imagem que dela dão os meios de comunicação ao exercerem uma grande influência sobre todos nós – tanto para o bem como para o mal – impõem-nos que devamos cuidar da formação das novas gerações de modo a que elas saibam com exactidão distinguir entre o que devem escolher e o que devem rejeitar, sem se deixarem influenciar por motivações menos transparentes dos fazedores de opinião pública tantas vezes a soldo de interesses mais sinuosos do que aquilo que queremos para os nossos.

 

(continua)

 

Henrique Salles da Fonseca

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:51
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Junho 22 2010

 

 

http://www.youtube.com/watch?v=YQ16oEGu65Y

 

 

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 10:29
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Junho 21 2010

 

 

Educar é hoje uma missão muito difícil.

 

E como afirma Bento XVI, todos os pais se preocupam com o bem dos filhos. Sabemos que depende deles o futuro da sociedade e não podemos deixar de fazer o melhor pela formação das novas gerações. Temos que lhes dar uma forte capacidade de se orientarem na vida e de distinguirem o bem do mal.

 

A ruptura entre as gerações de que tanto se fala, resulta da não transmissão de certezas e valores. Resulta da solução de continuidade que foi criada pela renúncia daqueles que deviam assumir a função educativa: os pais. Estão em causa as responsabilidades pessoais dos adultos, que são reais e não devem ser escondidas, mas também uma atmosfera difusa, uma mentalidade e uma forma de cultura que fazem duvidar do valor da pessoa, do próprio significado do bem. Então, torna-se difícil transmitir de uma geração para a outra algo de válido e de certo, regras de comportamento, objectivos credíveis com base nos quais construir a própria vida.

 

Estas dificuldades são a outra face da moeda que é a liberdade e esta constitui uma relação biunívoca com a responsabilidade. A liberdade de cada um de nós cessa onde começa a do nosso vizinho e se queremos ser livres, então temos que assumir a responsabilidade dos actos que livremente praticamos. Só é responsável quem é livre e a actual irresponsabilidade não é atributo por que devamos pugnar.

 

Contrariamente ao que acontece na engenharia ou na economia onde os progressos actuais se podem somar aos do passado, na formação moral e na prática ética não existe essa possibilidade de acumulação. A liberdade é sempre nova e portanto cada pessoa e cada geração deve tomar de novo, directamente, as suas decisões. Também os maiores valores do passado não podem simplesmente ser herdados: devem ser assumidos tanto no plano individual como no colectivo.

 

Mas quando as bases são abaladas e faltam as certezas fundamentais, a necessidade desses valores volta a fazer-se sentir. E é disso que aqui tratamos: de uma educação que o seja verdadeiramente e não se limite ao simples débito de programas curriculares de mera base científica, sem qualquer orientação pró-ética. Felizmente há pais preocupados e muitas vezes angustiados com o futuro dos próprios filhos; muitos são os professores que sofrem com a degradação das escolas; a sociedade, no seu conjunto, vê postas em dúvida as próprias bases da convivência; e muitos são por certo os próprios jovens que não querem ser deixados sozinhos perante os desafios da vida.

 

(continua)

 

 Henrique Salles da Fonseca

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:29
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