ESPERANÇA
Sonho com aquelas andorinhas
Que pela aurora ao raiar
Batendo suas asas escurinhas
Vão novos climas buscar!
Das tardes: tenho lágrimas mudas que não choram.
Da manhãzinha ando a cantar!
Tenho a dor pelos tristes que ficam
Sem sol, sem ninho, sem par!
Deixai-me ser aquela finória ave emigrante
Ansiosa p'ra viajar
Ir noutro clima distante
E numa palmeira arrulhar!
Assim o poente e o levante me inspiram
Carecem a minha alma para amar!
Mais ai! Das almas que ficam
Sem sol, sem ninho, sem par!
Quero Esp'ranca a toda hora
Correr nas nuvens e pelo mar
Em busca do Ideal, embora
Canse o peito, falte o ar!
Assim os meus suspiros embarcam
Sobem aos céus, a trinar.
Bem basta os tristes que ficam
Sem sol, sem ninho, sem par!
Berardo Pinto Pereira