Comunicar não é arte fácil, exige consciência, conhecimento e capacidade de transmitir de alguma maneira, seja em palavras ou em imagens, uma ideia, um sentimento. Foi isso que percebi nos Colóquios da Lusofonia que ocorreram nos últimos dias (5 a 9 de Abril) em Florianópolis, Santa Catarina. Ver o esforço de alguns letrados em promover a literatura açoriana, apesar das dificuldades e do pouco interesse político a nível universitário, é de despertar nosso respeito.
Terra onde a educação foi sempre encarada como artigo de luxo, pois arranjar alimento era primordial para a sobrevivência, é de admirar a contribuição histórica e literária açoriana, à cultura e sociedade portuguesa. Talvez por ser um lugar onde o isolamento, a introspecção e o individualismo sejam características da personalidade insular a produção literária seja tão abundante, apesar de pouco divulgada. Seja por acomodação, ou por falta de ambição (para quê fama e dinheiro se já estão no paraíso terrestre!), a realidade é que quem se empenha em promover a cultura açoriana e os autores insulares são em geral os estrangeiros, agora mais recentemente nas vozes dos professores e escritores Lélia Pereira Nunes e Chrys Chrystello (e cols.). Através deles os Açores têm conseguido mais visibilidade nas comunidades de língua portuguesa e estrangeira, com as versões de obras literárias açorianas. Escritores como Daniel de Sá, Vasco Pereira da Costa, Cristóvão de Aguiar, José Manuel Bettencourt, Francisco Nunes P. Gomes, Olímpia Soares de Faria, Avelino de Freitas Meneses, Ermelindo Ávila, e tantos outros, merecem pela qualidade de suas obras todo esse empenho.
Embora emigrante, que vive no estrangeiro outra realidade sócio-cultural, como açoriana de nascimento e de muitas gerações antecedentes, sinto orgulho pelos destaques culturais da minha terra natal e agradeço intimamente àqueles que acreditam na arte da minha gente.
Uberaba, 14/4/2010