Elos Clube de Tavira

Abril 15 2010

 

 

Nos séculos que se passaram desde que Pedro Álvares Cabral aportou a terras de Santa Cruz que os sentimentos de irmandade entre portugueses e brasileiros se cimentaram e cresceram. Eventos os mais variados e numerosos, enchem as páginas da História dos dois Países Irmãos, o que não pode causar admiração de tanto um e outro se misturarem e viverem em família. Altas figuras de missionação católica, soldados ilustres e guerreiros destemidos correram sertões e praias num caminhar que não mais parou e deu ao Mundo esse portentoso Brasil, orgulho maior da Gesta Portuguesa, a partir do século XVI. Nunca o sentir de ambos os países deixou de pulsar ao mesmo ritmo e sempre alegrias e tristezas foram comungadas em exemplo vivo de como Famílias devem viver e sobrevivem.

 

Correram os anos e os séculos até aos nossos dias. Almas sãs e corpos sãos geraram figuras ilustres de um e outro lado do Atlântico e delas surgiu como coisa mais natural a ideia de unidade cujo símbolo outro não poderia ser que um verdadeiro ELO e daí o baptismo deste já hoje grande movimento que é o Elismo.

 

Das praias santistas, dessa grande cidade que o Atlântico banha, nasceu o Elismo que hoje nos une.

 

Do espírito empreendedor, do coração vibrante de amor e paz, de progresso e bem-estar, nasceu o Elos Clube. Foi o semeador de uma árvore de cultura e humanismo que, hoje, está encravada em outros Elos Clubes fincados em solo lusíada, no Brasil e em Portugal, na América do Sul, na Europa, na África, na Ásia...

 

Foi esse homem, Eduardo Dias Coelho, que idealizou esse Clube com a ideologia de irmanar-se com a Pátria de origem, o mundo de fala portuguesa com mais de cento e cinquenta milhões de almas. Um mundo de princípios e raízes iguais, um mesmo conjunto de valores culturais, psicossociais e sentimentais. Um mundo lusíada à imagem do que sempre representou Eduardo Dias Coelho: de amor e paz, de progresso e bem-estar.

 

Nisso se concretiza a meta do Elismo sonhada por Dias Coelho, a sua principal razão de ser.

 

Quando Eduardo Dias Coelho reuniu um grupo de amigos na cidade onde exercia a sua actividade de médico, em Santos, com o objectivo idealista de formar um clube de brasileiros e portugueses interessados em culturar a língua, as tradições e os valores comuns aos dois povos, por mais idealista que fosse e por melhores que fossem suas intenções de brasileiro filho de português, não poderia jamais imaginar as repercussões futuras do seu gesto e nem antever, por certo, o crescimento da instituição que houve por bem denominar Elos Internacional da Comunidade Lusíada.

 

Em pouco mais de vinte anos aquela célula inicial de Santos subdividiu-se, multiplicou-se como se multiplicam as sementes dadivosas e, hoje, espalhando-se por diversos Estados do Brasil, de Portugal e alguns países de origem lusitana, bem como incursões incipientes em outros países onde existem núcleos luso-brasileiros, constitui já uma associação respeitada, reconhecida pelas autoridades constituídas desses países pelas suas actividades culturais e pelas atitudes que tem tomado, permanentemente, em defesa dos princípios e dos valores que tornaram grandes, em todos os quadrantes da terra, os feitos dos nossos maiores. E não poderia ter sido mais feliz a designação encontrada pelos fundadores do nosso movimento para baptizar a instituição: Elos\ A união dos elos forma a corrente e a corrente tem um significado simbólico dos mais expressivos: traduz união, traduz força, traduz continuidade. Preservando e divulgando uma filosofia humanista que se notabiliza pela ausência de preconceitos raciais e pela valorização dos preceitos éticos e morais que tornaram admirada e respeitada a raça lusíada, cada Elos Clube é uma peça dinâmica dessa corrente ideal que já abraçou 4 continentes (América, Europa, África e Ásia) e que, pela hodiernidade dos seus princípios, tem todas as condições para se desenvolver, para se ampliar, fertilizando de compreensão e fraternidade o mundo estiolado pelo materialismo em que vivemos.

 

O Elismo pode constituir, por isso mesmo, um exemplo para o mundo, pois não há em nenhuma parte, em nenhuma época, lembrança de qualquer povo que tenha conquistado a sua independência política e permanecido de coração aberto, de alma agradecida e de consciência irmanada aos dominadores da véspera, tal como aconteceu no passado com o Brasil e ainda há pouco com os novos países da África: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe. Em todos os países o idioma oficial é o português e a cultura, os costumes, a tradição, a história e a formação cristã continuam sendo o património legado pelos portugueses. Mais do que isto, até o espírito da raça, aquela maneira de ser, de cultuar a solidariedade sem afectação, de ser fraternal sem ostentação, a capacidade incomum de perdoar sem guardar ressentimentos, faz dos Lusíadas uma raça à parte no concerto de todos os povos.

 

E são estes princípios, estes valores, que o Elismo exalta, cultiva e propaga em todas as suas unidades, numa pregação apostólica e desinteressada, porém continuada e consciente, de quem está semeando tolerância e compreensão para um mundo melhor. Os irmãos brasileiros deram o arranque aos sentimentos de portuguesismo que irradiou por Portugal logo que aqui chegaram os seus ecos.

 

Em 1962, larga de Lisboa, notável embaixada que leva como expoente de máxima grandeza uma cópia da imagem de Nossa Senhora da Esperança, venerada em Belmonte, que acompanhara Pedro Álvares Cabral, em 1500, quando da descoberta do grande Brasil.

 

Esta embaixada após contacto com o Elismo no Brasil, tomou o compromisso de fundar em Portugal uma associação luso-brasileira que fosse resposta aos Elos Clubes já ali existentes.

 

Grandiosas foram as recepções, em Brasília e noutras cidades brasileiras, aos representantes de Portugal e nelas participaram os elistas que transmitiram aos portugueses esse facho bendito que havia de dar origem ao Movimento em Portugal.

 

O Exmo. Presidente do Brasil, Dr. Kubitschek de Oliveira, o estadista que teve a visão grandiosa de Brasília, centro nevrálgico da portentosa Nação da América do Sul, terra de língua e sentimentos lusíadas, orgulho de quantos a Portugal devem a própria existência, verdadeiro amigo de Portugal que até nós se deslocou em viagem oficial e foi recebido com as maiores honrarias, afirmou à imprensa na hora de deixar o Brasil que vinha para a inauguração do monumento a Pedro Álvares Cabral, em Belmonte e para assistir à inauguração do Elismo em Portugal. Estávamos a 14 de Janeiro de 1963 e daí em diante e ininterruptamente, não mais em Portugal se deixou o rumo dos princípios que levaram à fundação e objectivos dos Elos Clubes. Longe nos levaria tentar a defesa e oportunidade da fundação do Movimento Elista que tanto tem ajudado ao estreitar dos laços entre portugueses e brasileiros. A História comum, os sentimentos conjugados e alicerçados na língua, o intercâmbio de culturas e raças deram essa extraordinária existência humana no Mundo que os portugueses criaram.

 

Estes elementos foram a base de toda uma epopeia que, ultrapassando obstáculos mais díspares, fizeram chegar ao nosso século a Comunidade Lusíada em que os Elos têm lugar do maior relevo.

 

O Presidente Kubitschek de Oliveira anunciou na sua partida para Portugal que «os Elos Clubes foram criados no Brasil para aproximação luso-brasileira e já existem em várias cidades brasileiras, agora, outro na capital portuguesa. Dados os seus objectivos, não desejaria faltar à cerimónia inaugural».

 

E assim aconteceu nesse histórico dia de 14 de Janeiro de 1963, onde numerosa embaixada de elistas do Brasil testemunharam o acto solene que criou oficialmente o 1º Clube português donde irradiou a mensagem que espalhada por todo o Portugal teve ramificações em dezenas de cidades e chegou mesmo a Luanda, Lourenço Marques, Beira, Zaire e à longínqua Macau.

 

E qual é, afinal neste momento e agora, a finalidade dos CLUBES ELOS? Espalhados pelo Mundo, milhares e milhares de portugueses labutam e ajudam outros países. Podemos dizer sem receio de desmentido que eles são arautos de uma maneira única de estar no Mundo, sem ideias xenófonas ou racistas, sem outro rumo além do que sempre a todos levou mares afora, a terras longínquas erguendo sempre bem alto os sentimentos altruístas que nos identificam.

 

Os Elos Clubes são os guardas fiéis do portuguesismo que tem por base primeira a Língua e a Cultura Lusíada ora enriquecidas pelos valores espirituais daqueles que connosco convivem.

 

Quando, em Portugal, uma surda campanha quer fazer esquecer aos mais novos toda a nossa História, já alerta estão aqueles que têm espírito e cultura portuguesa e importa difundir a Mensagem que os brasileiros lançaram e havemos de ver extensiva a todas as comunidades lusíadas.

 

Os Elos Clubes de Portugal não deixaram até hoje de semear a boa nova do portuguesismo por todos os cantos do Mundo. Desde a sua fundação é um dos veículos essenciais para a continuidade da CULTURA AFRO-LUSO-BRASILEIRA. É uma instituição humanista, sem carácter político ou religioso e de congregação dos valores essenciais ao humanismo: «a solidariedade, a liberdade, o respeito de todos na defesa e implantação da PAZ em todo o Mundo».

 

E nestas palavras do fundador do Elismo está toda a sua razão de ser:

— Um continente lusíada de protecção à nossa cultura, à nossa religião, ao nosso conceito de família, aos nossos padrões morais, à nossa maneira de ser e às nossas formas de estar.

 

As mesmas terras para plantar, os mesmos rios para pescar, os mesmos mares para navegar, em defesa da nossa vida, pela vida e com a vida, se preciso for...

 

A vida do Elismo em Portugal decorreu no franco progresso, pois os sentimentos da Lusitanidade estavam fortemente enraizados na maioria dos portugueses. Grandes nomes da vida cultural nacional e local aderiram ao Movimento que pode orgulhar-se de ter no seu seio muitos dos vultos portugueses de maior relevo intelectual e Vós, aqui e agora à minha frente, com estes Vossos 25 anos de BONS e PRESTIMOSSOS serviços Elistas, são a prova disso.

 

Tavira, 10 de Abril de 2010

 

Francisco Monção Leão

Presidente do Elos Clube de Lisboa

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:51
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