Elos Clube de Tavira

Março 03 2010

 

 
 A "tourada do mar"
 
 
O Jornal “Lestalgarve” que à data se publicava em Tavira, inseria, na edição de 6 de Maio de 1985, uma notícia bastante pormenorizada, na qual dava conta de um Colóquio sobre a Pesca do Atum na Costa de Tavira, organizado pelo Elos Clube de Tavira.
 
Dela respigamos o essencial:
 
Na decorrência da sua actividade, o Elos Clube de Tavira promoveu um Colóquio que intitulou “A Pesca do Atum na Costa de Tavira”.(1)
 
Realizou-se na Escola Secundária de Tavira, tendo o vasto salão sido preparado para o Colóquio e para uma Exposição fotográfica e documental sobre esta actividade, com fotografias sobre o passado desta pesca, recortes de jornais com artigos de diversos autores, gráficos e apetrechos usados.
 
(…) A reunião foi dirigida pelo Vice-presidente do Elos Clube, Capitão Dias Pinto, coadjuvado por Luís Horta e Avelino Viegas, elementos da Direcção do ECT. Decorridas as formalidades e procedimentos elistas, foi iniciado o Colóquio, que teve como moderador o Doutor Carlos Sousa Reis, Professor da Faculdade de Ciências.
 
Foram ouvidos depoimentos de três práticos desta Pesca – o Mandador José Rodrigues Faleiro, o Preguiceiro José Pereira e o Interino António Marques dos Santos (2).
 
Tratou-se de interessante exposição que todos seguiram atentamente, sobre a experiência vivida outrora quando o atum e a sua pesca no tipo de “Armação” era uma constante, aquilo que é hoje um ex-libris tavirense. Os materiais usados nas grandes fainas piscatórias de outros tempos, os pormenores recolhidos em diversos escritos pelo mestre José Faleiro, um profissional cuidadoso e competente, capaz de dissertar horas a fio sobre as experiências vividas.
 
(…) Na segunda parte do Colóquio, depois de um “aperitivo”composto em exclusivo de vinhos licorosos da Adega Cooperativa de Tavira e frutos secos da região, entrou-se na parte dedicada à exposição de diversos técnicos da matéria.
 
Ainda sob a moderação de Sousa Reis, participaram na discussão o Dr. Manuel Carmo e Gomes, do Instituto Nacional de Investigação das Pescas, o 1º. Tenente José de Castro Centeno (3) e o Eng.º. Jorge Silva, do Instituto Hidrográfico.
 
Foi dada uma panorâmica geral acerca da pesca do atum, dos métodos de captura no passado e no presente, da actuação dos barcos japoneses, das armações espanholas, das razões que teriam levado ao afastamento desta espécie da sua antiga rota, da poluição, enfim, dados estatísticos muito interessantes e oportunos.
 
A assistência manifestou-se com várias e qualificadas perguntas, especialmente sobre a possibilidade de relançamento desta actividade nas águas territoriais de Tavira, já que o regresso de tal actividade bem poderia contribuir para um salto quantitativo e qualitativo, relativamente ao progresso do concelho de Tavira.
 
(…) A iniciativa dos elistas tavirenses foi muito positiva e meritória.
 
 Em termos globais, cremos que o assunto foi suficientemente alertado para que os organismos de investigação e controlo das pescas se debrucem a sério sobre ele, sem exclusão dos agentes económicos algarvios, designadamente de Tavira, que terão também um palavra a dizer sobre o atum, como importante vector económico desta região.
 
****
 
À distância destes 25 anos, e no âmbito deste registo em que se insere a série “Recordando…”, acrescento a referência de que se tratou da primeira iniciativa pública do Elos Clube de Tavira, que, dessa forma, deu visibilidade local e regional à sua existência como associação cultural.
 
De resto, é conveniente aduzir o facto da pesca do atum em armações fixas – na sua grande força desde o Marquês de Pombal e abandonada no final dos anos 70 do séc. XX – ter contribuído de uma forma definitiva para o desenvolvimento de Tavira. E de tal forma esta actividade se entrosou na história local, que toda a problemática do atum, para além dos seus contornos (evidentemente) económicos, se coloca num plano sociológico e cultural.
 
 Luís Horta
Presidente da Assembleia Geral
_____________
1 – Até ao final dos anos 60 do Século XX laboraram em Tavira 4 Armações fixas de atum – Medo das Cascas, Abóbora, Livramento e Barril.
2 – Mandador, Preguiceiro e Interino são, entre outras, designações dos responsáveis directos pelas diversas actividades de uma Armação de Atum.
3 – O tavirense José de Castro Centeno, hoje Capitão-de-mar-e-guerra na reserva, continua interessado no estudo do Atum, na sua evolução como espécie e na riqueza de que reveste a sua pesca.
publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:16
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