Elos Clube de Tavira

Março 02 2010

 

(1775 - 1842)

 

CONCERTO Nº 1 PARA PIANO E ORQUESTRA
 
 http://www.youtube.com/watch?v=n6XBAvLjGOk
 
 

 João Domingos Bomtempo, nasceu em Lisboa a 28 de Dezembro de 1775 e faleceu na mesma cidade a 18 de Agosto de 1842, sendo filho de Francisco Savino Buontempo que veio para Portugal, como tantos artistas italianos, para a orquestra real de D. José I, (aportuguesou o nome em Francisco Xavier Bomtempo) e de sua mulher D. Mariana da Silva. Em Outubro de 1836 casou com D. Maria das Dôres de Almeida, de quem teve descendência. Quando da sua morte, D. Maria II mandou fazer exéquias solénes na igreja dos Caetanos, executando-se, então, a missa que o falecido compusera, dedicando-a a Camões e o Liberta-me, que escrevera para as exéquias de D. Pedro IV. O seu funeral foi uma manifestação do grande aprêço em que era tido, sendo o seu corpo conduzido num coche da casa Real.

Deixou uma grande obra a que muitos críticos estrangeiros fazem lisonjeiras referências - missas, sonatas, cantatas, árias e fantasias para piano-forte, concertos, hinos, etc. Deve-se-lhe o desenvolvimento do gosto pela música no nosso meio, com a fundação da " Sociedade Filarmónica" que foi um dos sonhos da sua vida de artista. Escreveu também um " Método " para piano acompanhado de exercícios, livro este que foi o mais usado compêndio do seu tempo.

 

 

 

  Filho de Francisco Xavier Bomtempo, músico da câmara real com quem começou os seus estudos musicais (depois continuados na Irmandade de Santa Cecília), Domingos Bomtempo, foi mais uma figura da cultura portuguesa obrigada a procurar, para além das fronteiras pátrias, o reconhecimento do seu valor. Com 25 anos parte para Paris, onde cedo se impõe como virtuoso de piano. Alarga os seus horizontes intelectuais. Convive com o célebre Morgado de Mateus e com o grupo de liberais portugueses, exilados, onde pontificava o poeta Filinto Elisio. Conhece o compositor Clementi, a quem ficará sempre ligado por fortes laços de amizade. Ainda em Paris, estreia a sua 1ª Sinfonia, muito bem recebida pela crítica de então. A conjuntura dessa época - malogro das forças napoleónicas na Península Ibérica - torna pouco cómoda a situação dos portugueses em França e obriga-o a partir para Londres, onde também obterá grande sucesso como pianista, e mesmo como compositor. Clementi, também ali radicado e dirigindo uma editora musical, publica-lhe as obras, grande parte das quais vieram a lume com títulos ingleses.

 

Domingos Bomtempo não esquece o seu país e anima-o o desejo de proporcionar, aos seus compatriotas, as manifestações de civilização e cultura que testemunha no estrangeiro. Por duas vezes tenta fundar uma sociedade de concertos - Talvez influenciado pela criação, em 1812, da Philharmonic Society of London - que divulgasse o conhecimento e gosto pela música instrumental. 

A primeira tentativa (1814) esbarra irremediavelmente com a tacanhez do espírito lisboeta. 

Só em 1820, após a triunfante revolução liberal, consegue lançar os alicerces da desejada Sociedade Filarmónica, que dará ainda alguns concertos. Será sol de pouca dura. A contra-revolução e consequente tirania de D. Miguel perseguirá implacavelmente todas as manifestações de inteligência. Os concertos são proibidos, a Sociedade dissolvida e o próprio   Bomtempo obrigado a procurar asilo no consulado russo, onde permaneceu os cinco anos que durou o despotismo miguelista.  

A restauração da monarquia constitucional, em 1833, vem finalmente proporcionar a justiça devida aquele músico. Em 1835 cria-se o Conservatòrio de Música, de que será o primeiro director, cargo que conservará até à sua morte.  

Domingos Bomtempo foi, a todos os títulos, uma figura notável da história da arte em Portugal, ocupando, sem favor, lugar entre os grandes reformadores oitocentistas da cultura portuguesa. A sua obra, à frente do Conservatório foi inovadora e imbuída de uma modernidade notável para a sua época. Se não produziu, depois, melhores frutos, foi porque, infelizmente, não houve continuadores à sua altura. Como virtuoso de craveira internacional, Portugal só virá a ter figura comparável em Viana da Mota. Como compositor, grande parte da sua obra é desconhecida, o que torna difícil a avaliação exacta do seu talento. No entanto, e se outros méritos não houvesse que lhe atribuir - coube-lhe o papel histórico de ter sido o primeiro português a tentar as formas sinfónicas, quebrando uma tradição que muito diminuia a nossa cultura musical.

www.amsc.com.pt/musica/compositores/htm

 

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 10:06
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