Elos Clube de Tavira

Fevereiro 04 2011

 

 

Quem são esses dirigentes

Que sujeitam inocentes

A sofrer tantos tormentos

Sem ouvir os seus lamentos?

 

Quem é neste mundo louco,

- Quase sempre por tão pouco -

Que sujeitam semelhantes

A martírios tão gritantes?...

 

Como pode um ser humano,

Só por ter na mão poder,

Deixar outros sofrer?...

 

Por vontade, ou por engano,

Egoísmo, ou omissão,

É um crime sem perdão.

 

Eça de Queiroz

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 00:20
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Janeiro 28 2011

  (*)

 

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

 

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado.

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

 

Eu, que tenho sido cómico às criadas do hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedindo emprestado sem pagar,

Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

 

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...

 

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o ideal, se os oiço e me falam.

Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

 

Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?

 

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

 

Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

 

Álvaro de Campos

 

Álvaro de Campos é um dos heterónimos mais conhecidos do poeta português Fernando Pessoa. Este fez uma biografia para cada um dos seus heterónimos e declarou assim que Álvaro de Campos: «Nasceu em Tavira, teve uma educação vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Germânia estudar engenharia, primeiro enfermaria e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Agora está aqui em Lisboa em inactividade.»

 

Para saber mais, v. http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lvaro_de_Campos

 

 

(*) https://1.bp.blogspot.com/_x4R_UH_WhZI/TK0hp4nNkbI/AAAAAAAAGvI/r21dwz-oEFU/s1600/ALVARO+DE+CAMPOS.jpg

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 15:11
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Janeiro 27 2011

Modalidade – QUADRA

 

1º. Prémio

 

Muito cuidado é preciso

 

Muito cuidado é preciso

No caminho que se trilha,

Porque às vezes, um sorriso,

Pode ser uma armadilha

 

Maria Aliete Viegas Cavaco Penha (Faro)

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 10:23
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Janeiro 26 2011

 

Modalidade – QUADRA

 

2º. Prémio

 

O tempo passa a correr

 

O tempo passa a correr…

Mas às vezes, por desgraça,

Quando estamos a sofrer

O tempo nunca mais passa.

 

José António Palma Rodrigues (Ganilhos/Aljubarrota)

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 00:12
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Janeiro 24 2011

 

 

Um dia a maioria de nós irá separar-se.

Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora,

das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,

dos tantos risos e momentos que partilhámos.

 

Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia,

das vésperas dos fins-de-semana,

dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.

 

Hoje já não tenho tanta certeza disso.

Em breve cada um vai para seu lado,

seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.

 

Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe...

nas cartas que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...

Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto

se tornar cada vez mais raro.

 

Vamo-nos perder no tempo...

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:

Quem são aquelas pessoas?

Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!

- Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!

 

A saudade vai apertar bem dentro do peito.

Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...

 

Quando o nosso grupo estiver incompleto...

reunir-nos-emos para um último adeus a um amigo.

E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos.

Então, faremos promessas de nos encontrarmos mais vezes daquele dia em diante.

 

Por fim, cada um vai para o seu lado

para continuar a viver a sua vida isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo...

 

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo:

não deixes que a vida passe em branco

e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

 

Eu poderia suportar, embora não sem dor,

que tivessem morrido todos os meus amores,

mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

 

Fernando Pessoa (em china de Almada Negreiros)

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:43
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Janeiro 23 2011

 

Escrever me protege.

 

Escrever é... explorar vazios

Vazios até de coisas que não existem realmente

Escrever é mentir com verosimilhança

Cativar o leitor, seduzi-lo com invencionices...

 

Escrever é preencher vazios

Vazios até de coisas que só existem na imaginação

Escrever é responder perguntas jamais perguntadas

Motivar o leitor, contar com a bagagem insólita dele...

 

Escrever é não se caber em si

E deixar esses vazios virarem historietas

Ou poemas - que são eles que não cabem em nós

Mas podem tocar almas sensíveis e peregrinas

 

Escrever é, por fim, apenas

O vício solitário de um louco querendo asas

E assim descodifica o vazio de si mesmo

Em palavras enlivradas como nichos de purgações

 

Escrever é tirar um surto-circuito de dentro

Que não sabe o que fazer do que incabe em nós...

 

(*)

 Silas Corrêa Leite

 

(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://api.ning.com/files/ZxuEO1I22jeDX6Jx77FRkiBsJls8TnblESB-ZEFvGs1ZqVQ7whJTpd*7FOph-7k*U9HtViTTiE4dnaDEX5k4UDH9lW-XZT2G/253128695.bin%3Fwidth%3D183%26height%3D183%26crop%3D1%253A1&imgrefurl=http://itarare.ning.com/profile/PoetaSilasCorreaLeite&usg=__Rv5xslk6dMhwlh-NPwJNSV3vxPY=&h=183&w=183&sz=10&hl=pt-pt&start=0&sig2=augLp5muA0eHgnV3TcuFUQ&zoom=1&tbnid=_lNMnUXkz3U5XM:&tbnh=143&tbnw=143&ei=v3M7TaG-EoPssgbki8HYBw&prev=/images%3Fq%3DSilas%252BCorr%25C3%25AAa%252BLeite%26um%3D1%26hl%3Dpt-pt%26sa%3DN%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=292&vpy=380&dur=1467&hovh=146&hovw=146&tx=89&ty=90&oei=v3M7TaG-EoPssgbki8HYBw&esq=1&page=1&ndsp=21&ved=1t:429,r:11,s:0

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 00:15
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Janeiro 22 2011

Modalidade – QUADRA

 

3º. Prémio

 

Quem rouba não tem direito

 

 

Quem rouba não tem direito

A ficar em liberdade,

Pois perdeu todo o respeito

Pela própria dignidade

 

Vítor Manuel Capela Baptista (Barreiro)

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:31
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Janeiro 18 2011

QUADRAS

 

1ª. Menção Honrosa

 

Verdade

 

Ninguém fale sem razão,

Nem minta por caridade,

Mesmo um fraco coração

Aguenta uma verdade

 

Aníbal José de Matos (Figueira da Foz)

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:07
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Janeiro 14 2011

Modalidade – QUADRA

2ª. Menção Honrosa

 

Emoções de amor

 

Cantar amor? Já cantei.

Chorá-lo? Também o fiz.

E…quando o pranto sequei,

Novo amor fez-me feliz!

 

Maria Ruth de Brito Neto (Tavira)

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 15:49
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Janeiro 10 2011

  (*)

 

Nos dias de dúvidas, nos dias de pensamentos angustiosos sobre os destinos da minha pátria – tu somente és para mim um esteio e uma esperança, ó grande, poderosa, verdadeira e livre língua russa! Se não fosses tu, como não cair no desespero à vista de tudo que se passa entre nós? Mas é impossível acreditar que uma tal língua não tenha sido dada a um grande Povo!

 

Ivan Turguenev no seu "Poemas em Prosa" (1882)

 

 

 

Ivan Sergeyevich Turgenyev (9 de Novembro de 1818, Orel, Império Russo - 3 de Setembro de 1883 Paris, França) foi um dos mais importantes romancistas e dramaturgos russos. Ainda que a sua reputação como autor tenha decaído um pouco durante o último século, o seu romance Pais e filhos é ainda considerado uma das obras mestras da ficção russa do século XIX.

 

Para saber mais, consulte a Wikipédia

 

(*) http://en.wikipedia.org/wiki/Ivan_Turgenev

 

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 08:27
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