EMILIANO DA COSTA
Aves, flores, saudades
Sol a sol, desde a serra até ao mar,
Das pegas-rabilongas às gaivotas,
A orquestra alada, requintado as notas,
De nascente a poente é só tocar:
Ocarinas em fila – terras-cottas
Em beirais de telhado; à beira-mar,
Flautas de abibes; harpas de luar
Em garças ribeirinhas, nas marnotas;
Ao longo das ribeiras são as filas
Dos violinos – sílvias e fringilas –
Violetas, violas-trisonoras
E no alto do céu, flamas em jogo,
A regê-los, o Pássaro de Fogo
Peneira as grandes asas criadoras.
(in “Concerto ao ar livre”)
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Augusto Emiliano da Costa nasceu em Tavira em 03/12/1884 e faleceu em Faro a 01/01/1968. Médico, radicou-se em Estói (Faro) e a sua obra poética é constituída por 13 livros e muitos poemas dispersos pelos jornais das décadas de 30 a 50. Apaixonado pelo seu Algarve, pelas suas gentes e pelos seus costumes, num permanente êxtase perante a natureza-mãe algarvia, o seu livro “A Rosairinha” é disso o maior exemplo.