Elos Clube de Tavira

Dezembro 03 2010

 

 

POEMA SEM TÍTULO

 

Escrever,

Escrever-te a ti

Escrever-lhe aos alentos que nos ficarem em cada cidade,

Escrever quando posso e quando não estamos

Escrever-te em quanto perco o tempo

Apostando por estâncias em palácios de reinos Já conquistados.

Buscando a formula magistral para

Não deixar de escrever-te,

Porque isso seria

Uma tragédia

Deixar de escrever-te seria

Uma tragédia.

 

Topei passos escondidos esperando ser andados

Não me importa levar os cordões dos sapatos

Sem atar,

Nem carregar a minha mochila

De coisas incisarias,

Um io-io, uma garrafa vazia

Três canetas e duas maças,

Ainda que as maças,

Não deixam de ser necessárias.

 

Escrever,

Escrever-te a ti

Contar-te, como se a primeira vez

O muito que gosto da neve,

Ou caminhar despida pela casa,

E quando posso

Subir as cerdeiras para comer cerejas;

Andar pelos caminhos por onde não passa ninguém,

Estar na cima do teu colo

Em quanto o coração te bate a ritmo de cantiga de berço

Exercendo um efeito sedativo

Sobre mim

E a minha mão direita;

Baixar as escadas sempre a correr,

Passar para dentro e para fora

Sem parar muito,

Estar calada, durante muito tempo estar calada

E quando menos o esperes

Falar em idiomas diferentes

Criados para dizer frases curtas, e logo

Ser esquecidos.

 

Sempre poderia escrever-te um conto,

Um desses com final feliz,

Ou uma novela, de intriga

Uma novela de amor,

Quem diz um conto ou uma novela

Diz um poema,

Por que não?

A lírica, o que tem

E que sempre emociona.

Eu, no fundo

Prefiro apertar a minha cara contra a tua

E deixar que um a um

Os silêncios

Falem por mim

 

 Belém de Andrade

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 14:16
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