Elos Clube de Tavira

Julho 23 2010

 

 

CPLP: Cavaco diz que "é preciso ir mais longe" para uma cidadania comum

 

 

Presidente da República afirmou, na abertura da cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Luanda, que "é preciso ir mais longe" em dossiês como a cidadania lusófona ou o envolvimento da sociedade civil na construção da Comunidade.

 

 

foto MIGUEL A. LOPES/LUSA

 CPLP: Cavaco diz que "é preciso ir mais longe" para uma cidadania comum

Cavaco Silva na abertura da Cimeira da CPLP

 

 

"É necessário ir mais longe na resposta às expectativas dos nossos cidadãos. Nesse sentido, quero assinalar os progressos registados nas negociações sobre uma convenção quadro relativa ao estatuto do cidadão da CPLP, esperando que seja possível conclui-la em breve", disse Cavaco Silva.

 

O chefe de Estado disse esperar que "seja possível confirmar a realização, se possível ainda no decurso do corrente ano, do I Fórum da Sociedade Civil da CPLP", na sequência do trabalho que foi feito nos últimos anos.

 

"A nossa comunidade tem de ser cada vez mais um projecto de cidadania, que integre e mobilize o contributo dos nossos cidadãos. A criação da assembleia parlamentar e da Confederação Empresarial da CPLP foram passos da maior relevância nesse sentido, que quero saudar calorosamente. Como o que tem sido igualmente a acção levada a cabo pelas múltiplas estruturas e fóruns em que se afirma, nos nossos dias, a vida da nossa comunidade", sublinhou.

 

Língua portuguesa em expansão

 

No momento em que Portugal transfere para Angola a presidência da CPLP, Cavaco Silva destacou "o muito que foi possível alcançar desde a cimeira de Lisboa em 2008", nomeadamente "no que diz respeito à afirmação e projecção internacional língua portuguesa".

 

O Presidente da República deu relevo ao "forte valor simbólico" do 5 de Maio como dia da língua portuguesa e cultura da CPLP e à "maior utilização da língua portuguesa em diversos fóruns multilaterais como a UNESCO e União Africana, o Plano de Acção de Brasília e os novos estatutos e regimento interno do Instituto Internacional da Língua Portuguesa". Para Cavaco Silva, "são instrumentos da maior relevância que seremos chamados a aprovar nesta cimeira".

 

Cavaco Silva recordou ainda que o Português "é uma das línguas em maior expansão em países terceiros, onde é procurado como segunda língua ou língua estrangeira".

 

Trata-se de "uma evolução que vai ao encontro dos interesses de cada um de nós e da nossa comunidade porque favorece a afirmação da nossa voz na cena internacional e permite tirar partido das oportunidades de cariz económico que uma língua universal comporta".

 

"Quero a este propósito manifestar uma vez mais o firme apoio de Portugal à candidatura do Brasil a membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e agradecer o apoio activo de cada um dos vossos países à candidatura portuguesa ao mesmo órgão como membro não permanente", disse.

 

A VIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP está a decorrer em Luanda.

 

in “JN” – Jornal de Notícias – 23JUL10

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 15:12
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Julho 23 2010

 

 Rugendas: Derrubada de uma floresta

Fonte: Wikipedia

 

 

 

Em tempos passados, o centro-oeste brasileiro exemplo de prosperidade e de auto-sustentabilidade, destaque na economia nacional, foi palco de conflitos entre homens que procuravam novas terras para viver e índios aguerridos, senhores daquele espaço. Nas disputas entravam também negros aquilombados, padres gananciosos, aventureiros desassombrados, facínoras, fugitivos da lei, “mulheres de vida fácil”, todos à procura oportunidades e riqueza.

 

As sesmarias distribuídas pela política pombalina, como premio ou a quem as dispusesse desbravá-las, custaram a ser ocupadas. Dificultavam o intento aqueles que aterrorizavam os caminhos das minas e as tentativas de estabelecimento dos novos donos das datas.

 

 Área de passagem, pontilhada por aldeamentos indígenas e quilombos que, destruídos pelos militares e bandeirantes contratados, depois de muitos anos de ferrenhas lutas, deram lugar a arraiais e mais tarde a cidades.

 

Na maioria das vezes, os pioneiros chegavam com a família. No início, depois que se instalavam, chamavam os irmãos, cunhados, parentes e amigos e com eles dividiam as terras e os trabalhos. Assim conseguiam sobreviver. Abriram clareiras nas matas cerradas, construíram casas, formaram pastos e plantaram para a subsistência. Os fazendeiros mais abastados deram terreno para a construção de igrejas. Em volta delas apareceram os cemitérios, ruas de terra batida, moradias e pequenas lojas de comércio e delegacias. Com a migração (nacional e estrangeira) e o passar do tempo chegaram as modernidades; portos fluviais, estações, ferroviária e rodoviária, escolas, câmara de deputados, hospitais, até cinemas. Os coronéis, ricos fazendeiros que influíam na segurança, economia e política da região, tinham autoridade conferida pelo governo. Nas vindas à cidade, construíam palacetes, participavam das festividades, traziam os filhos para a escola, faziam compras de elementos industrializados e importados, comercializavam gado e produtos artesanais. As cidades cresciam, mas era ainda a fazenda a base das suas vidas. Isso se inverteu, à medida que as necessidades mudaram com o evoluir dos tempos.

 

Em 1808, quando a Corte portuguesa chegou ao Rio de Janeiro, cansada e faminta, quem abasteceu de carne a cidade carioca foi principalmente o gado que vinha de Minas Gerais. Conta ainda a história, como facto pitoresco que, à falta de moradias, o príncipe regente mandou que se dispusessem das melhores casas para a nobreza. Para tal, as escolhidas tinham as letras P.R. (propriedade real) colocadas na porta para indicar que os moradores teriam que sair para dar lugar aos recém-chegados do reino de Portugal. Os cariocas logo interpretaram jocosamente como Ponha-se na Rua!

 

Naquela ocasião, a população da cidade triplicou de repente. A solução para muitos desses chegados e deslocados foi migrar para outras bandas com seus familiares e escravos, para tentarem novas fontes de renda. Com o fortalecimento do comércio, desenvolvimento de lavouras, pecuária e usinas, o interior ganhou um sopro civilizacional, onde surgiram ricas famílias com ares de nobreza, agora interiorana.

 

Mas se o isolamento – motivado pelas grandes distancia e instigado pela ancestral política de segredo da Coroa, no intuito de esconder as riquezas brasileiras à cobiça do estrangeiro – facilitou a impunidade e despotismo dos primeiros mineiros, também propiciou ao aparecimento de uma nova sociedade, com costumes arraigados, fundamentada no poder patriarcal dos grandes latifundiários, homens que fizeram daquele espaço seus reinos.

 

 

Foto: Donato Rispoli Borges

Livro: Memórias de Conquista

 

Muitas são as histórias que se ouvem sobre a vida dos antepassados recentes dos actuais triangulinos. Através dos rios, das ferrovias e estradas, abertas pelos antigos bandeirantes, chegavam noticias e novidades dos centros urbanos importantes e iam as riquezas minerais e as rezes, tocadas pelos tropeiros. Nas épocas festivas, como no natal, eleições, comemorações cívicas e na chegada do circo, a cidade recebia visitantes. As bandas desfilavam e tocavam no coreto, alegrando a praça que se enchia de gente para congraçamento. As moças casadoiras, faceiras, em grupos, como andorinhas, passeavam entre as barraquinhas de quitandas (roscas, pão de queijo, biscoitos de polvilho, bolo de mandioca,...), ou caminhavam de num lado da rua, enquanto do outro os rapazes as observavam atentamente. Ao som da música, o “correio elegante” levava e trazia recados na tentativa de futuros compromissos. Às vezes, daí saía até casamentos.

 

Altas horas, depois da sessão de cinema, os enamorados faziam serenatas para as suas eleitas, recebendo, vez por outra, baldes de água fria atirada pela janela em pagamento!

 

Nas biroscas, desordeiros e valentões, com a “moringa” cheia de cachaça falavam alto, mediam forças e se desafiavam a “maneirar” – (luta de punhal ou de tiro onde os contendores têm as camisas amarradas entre si, e que só termina com a morte de um deles, ou dos dois).

 

Nos idos 1900, naquelas bandas do Triangulo era comum andar-se armado. Crimes encomendados, desafios, disputas amorosas, políticas e de terras, com frequência levavam a tiroteios, não raras vezes com mortes e evasão dos assassinos para paradeiros ignorados.

 

Na nossa região, ficou famoso o caso do filho do Barão de Jaguara, Manoel Pereira, por todos conhecido como Neca Pereira. Homem rijo, de princípios, abastado, influente, exímio atirador, despertava respeito e inveja. Era capaz de acertar com rapidez e precisão a boca de garrafas dispostas em fila, pelo gargalo. Praticava todos os dias e andava sempre com a sua Winchester papo – amarelo junto à perna, enfiada no cano da sua bota. Não se sabe ao certo, porque motivo e quem encomendou o seu extermínio. Para tal contrataram quatro pistoleiros goianos, profissionais competentes na arte de matar. Estes escolheram a noite em que ele pegou o trem de Rifania para Uberaba. Embora rico, preferia viajar na segunda classe, confortavelmente instalado nos bancos laterais, que lhe davam visibilidade geral do que se passava no ambiente. Ao parar na estação intermediária do Erial, um amigo o reconheceu e chamou-o pelo nome. Num relance, ao se virar, recebeu uma saraivada de balas dos bandidos. Mesmo mortalmente ferido, puxou da sua arma e fuzilou um a um, sem perder um tiro, os quatro. Quando chegou ao hospital, em Uberaba, exangue, já muito fraco, não suportou a cirurgia e morreu no acto operatório.

 

Assim era o Triangulo Mineiro do passado e que ainda se pode ver, agora com outras regras e nuances, num outro palco e com protagonistas dos tempos actuais...

 

Uberaba, 16/05/2010

 

 Maria Eduarda Fagundes

 

Dados históricos e fotos:

Memórias de Conquista (Donato Rispoli Borges);

Rugendas - Derrubada da floresta (Wikipédia)

A oeste das Minas ( Luis Augusto Bustamante Lourenço)

1080 ( Laurentino Gomes)

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 11:19
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